São Paulo, sexta-feira, 21 de setembro de 2007

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Crítica/"Hairspray - Em Busca da Fama"

Ótimas canções e a celebração da América garantem sucesso de remake

DO CRÍTICO DA FOLHA

Juntar humor, crônica social e nostalgia é uma fórmula que Hollywood retoma com certa freqüência. "Hairspray - Em Busca da Fama" mistura esses ingredientes num retorno aos musicais, idéia que pareceria arriscada, pois se trata de um gênero hoje visto como ultrapassado e pode provocar enfado nas platéias. O remix, contudo, funciona, graças à pontuação da trama por ótimas canções.
O filme é produto de reciclagem. Baseia-se num musical da Broadway que, por sua vez, transferia para os palcos uma comédia dirigida por John Waters em 1988. Nela, o transexual Divine (uma espécie de musa trash do diretor) encarnava a mãe obesa da gorducha Tracy, uma adolescente que sonha em participar de um programa de TV, em Baltimore, nos anos 60.
A linha geral é mantida nesta versão, à qual se introduziu um comentário sobre os conflitos raciais nos EUA naquela década. A intenção é menos inocular a produção com valores politicamente corretos e mais ganhar espaço para algumas situações musicais e coreográficas conduzidas por negros.
O marketing do filme aposta na presença anômala de John Travolta, que aparece travestido e obeso, no papel que foi de Divine. A brincadeira remete às origens de Travolta no cinema, em particular a seu papel no musical nostálgico "Grease -°Nos Tempos da Brilhantina".
O efeito cômico da transformação, no entanto, beira mais o grotesco, salvo nas situações em que o ator canta e dança. E sua presença é quase sempre ultrapassada em cena pela reaparição de Michelle Pfeiffer (ótima no papel de loira má) e pela irresistível Nikki Blonsky, como Tracy.
Também desaparece o humor ácido de John Waters, um hábil desmantelador dos sonhos da América feliz. Em seu lugar sobra apenas a celebração, a que se assiste com idêntico prazer. (CSC)


HAIRSPRAY - EM BUSCA DA FAMA
Direção:
Adam Shankman
Produção: EUA, 2007
Com: John Travolta, Michelle Pfeiffer
Onde: em cartaz nos cines Anália Franco, Pátio Higienópolis e circuito
Avaliação: bom


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