São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

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"Abro mão de piadas que dão certo", diz Pêra

DA REPORTAGEM LOCAL

Quem deu a Marília Pêra a dica sobre a dramaturgia de Charles Ludlam, autor de "O Mistério de Irma Vap", foi o jornalista e produtor musical Nelson Motta. Conselho anotado, em 1984, ela assistiu ao espetáculo da Ridiculous Theatrical Company, em Nova York, e já projetou Marco Nanini e Ney Latorraca numa versão brasileira, sob sua direção.
Hoje, 22 anos depois da estréia do "blockbuster" (veja números ao lado) no Rio e mais uma vez à frente de uma montagem de "Irma", ela acha que o texto merece ser revisitado porque "tem força dramática, possibilita trabalhos geniais e faz sucesso". "O público gosta de um bom divertimento", diz.

"Energia dos atores"
A diretora, que pretende deixar a peça mais enxuta que a de duas décadas atrás (eram duas horas de duração), só trará da primeira encenação a disposição cênica -uma porta central, duas laterais e uma lareira.
"O resto é em cima da energia dos atores." Aos quais ensina: "Não pode esperar o riso [da platéia], tem de ir vivendo. Faço coisas loucas como atriz. Abro mão de piadas que dão certo e busco novos caminhos".
Um deles é um espetáculo sobre Florence Foster Jenkins (1868-1944), "mulher que adorava canto lírico, mas cantava tudo errado". "Ela não tinha voz. Numa ária, acertava três notinhas. Tem um vídeo que mostra um pianista desesperado [acompanhando-a]. Mas fazia sucesso. [O cantor lírico Enrico] Caruso e [o compositor] Cole Porter mandavam flores. As pessoas pagavam caro para ir debochar dela. Espero que venham debochar de mim. E que paguem caro", brinca.
A estréia está prevista para janeiro de 2009, no Rio. Uma temporada paulistana deve acontecer a partir de março.
"Mais uma vez, vou fazer uma pessoa que existiu", pensa em voz alta Marília, que recentemente interpretou a estilista francesa Coco Chanel e cantou Carmen Miranda. É a deixa para Marcelo Médici, que acompanha atentamente a conversa:
"Você também, né, Cássio [Scapin], já interpretou várias personalidades..."
"Pois é. Fiz Santos Dumont, Nietzsche..."
"E o Nino! [do programa infantil "Castelo Rá-Tim-Bum]", provoca Médici. (LN)


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