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"Abro mão de piadas que dão certo", diz Pêra
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem deu a Marília Pêra a
dica sobre a dramaturgia de
Charles Ludlam, autor de "O
Mistério de Irma Vap", foi o
jornalista e produtor musical
Nelson Motta. Conselho anotado, em 1984, ela assistiu ao espetáculo da Ridiculous Theatrical Company, em Nova York,
e já projetou Marco Nanini e
Ney Latorraca numa versão
brasileira, sob sua direção.
Hoje, 22 anos depois da estréia do "blockbuster" (veja números ao lado) no Rio e mais
uma vez à frente de uma montagem de "Irma", ela acha que o
texto merece ser revisitado
porque "tem força dramática,
possibilita trabalhos geniais e
faz sucesso". "O público gosta
de um bom divertimento", diz.
"Energia dos atores"
A diretora, que pretende deixar a peça mais enxuta que a de
duas décadas atrás (eram duas
horas de duração), só trará da
primeira encenação a disposição cênica -uma porta central,
duas laterais e uma lareira.
"O resto é em cima da energia
dos atores." Aos quais ensina:
"Não pode esperar o riso [da
platéia], tem de ir vivendo. Faço coisas loucas como atriz.
Abro mão de piadas que dão
certo e busco novos caminhos".
Um deles é um espetáculo sobre Florence Foster Jenkins
(1868-1944), "mulher que adorava canto lírico, mas cantava
tudo errado". "Ela não tinha
voz. Numa ária, acertava três
notinhas. Tem um vídeo que
mostra um pianista desesperado [acompanhando-a]. Mas fazia sucesso. [O cantor lírico
Enrico] Caruso e [o compositor] Cole Porter mandavam flores. As pessoas pagavam caro
para ir debochar dela. Espero
que venham debochar de mim.
E que paguem caro", brinca.
A estréia está prevista para
janeiro de 2009, no Rio. Uma
temporada paulistana deve
acontecer a partir de março.
"Mais uma vez, vou fazer
uma pessoa que existiu", pensa
em voz alta Marília, que recentemente interpretou a estilista
francesa Coco Chanel e cantou
Carmen Miranda. É a deixa para Marcelo Médici, que acompanha atentamente a conversa:
"Você também, né, Cássio
[Scapin], já interpretou várias
personalidades..."
"Pois é. Fiz Santos Dumont,
Nietzsche..."
"E o Nino! [do programa infantil "Castelo Rá-Tim-Bum]",
provoca Médici. (LN)
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