São Paulo, terça-feira, 21 de setembro de 2010

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29ª BIENAL DE ARTES

Serota crê em força da Bienal de SP

Diretor da Tate fala da importância do evento fora do eixo EUA-Europa e da aquisição de obras de brasileiros

Curador britânico estreitou os laços da instituição com o Brasil por meio de mostra na Oca, realizada em 2003

DO ENVIADO A LONDRES

A seguir, Serota segue o balanço dos dez anos da Tate, mas fala também da importância da Bienal de São Paulo.
A relação do diretor inglês tem sido intensa com o Brasil nos últimos dez anos. Em 2003, ele organizou a grande mostra do acervo da Tate, na Oca, em São Paulo, um dos fatores que ajudou o Brasil a ser o país que mais acessou o site da Tate no início do século 21, após o Reino Unido.
Já nos últimos anos, foi a vez de a Tate apresentar a arte brasileira, com grandes exposições de Hélio Oiticica e Cildo Meireles, ambos com obras adquiridas pela instituição graças ao comitê latino-americano. A Tate possui agora oito obras de Oiticica, entre elas a histórica "Tropicália". (FABIO CYPRIANO)

Folha - Qual a sua expectativa para a Bienal de São Paulo? Nicholas Serota - Por muitos anos, a Bienal de São Paulo foi a mais importante exposição para sinalizar o desenvolvimento da arte contemporânea fora da Europa e Estados Unidos.
Sabemos também que houve momentos de dificuldade, mas eu tenho esperanças de que, em 2010, a exposição será muito forte. E a Bienal está sob uma nova direção, que tem maior independência e espero que, por isso, 2012 e 2014 sejam anos que sigam esse novo modelo.

Obras importantes de brasileiros como Hélio Oiticica foram recentemente adquiridas pela Tate por meio do comitê latino-americano. Ele foi criado por você?
Sim, esse é um grupo de apoiadores. Eles são cerca de 40 e a coordenadora é Tiqui Atencio Demirdjian, venezuelana que vive em Londres. Todos eles contribuem financeiramente para adquirirmos latino-americanos.
E, em sua maioria, compramos obras de artistas vivos, apenas ocasionalmente compramos trabalhos de meados do século 20, como fizemos com "Tropicália", de Hélio Oiticica.

Como a instituição lida com as novas mídias e redes sociais?
A internet vem se tornando algo muito importante para nós. Alcançamos grandes audiências que não conseguem vir ao prédio fisicamente, é intrigante que, após o ano 2000, nossa maior audiência fora do Reino Unido veio do Brasil.
Não tenho certeza se ainda é assim, mas com certeza é uma parcela significativa.

A Tate consegue hoje no setor privado cerca de 60% de seu orçamento. A que se deve esse sucesso?
O sucesso do programa atrai o interesse de patrocinadores, que procuram apoiar eventos que alcançam muita gente. Somos ambiciosos na filiação, temos bastante sucesso na livraria, na loja e no restaurante.

E você acredita que a Tate Modern mudou também a forma como os políticos observam as artes visuais?
Sim, acho que eles foram afetados também, percebendo que cultura não é algo para uma pequena elite, mas que alcança audiências muito mais amplas.


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