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29ª BIENAL DE ARTES
Serota crê em força da Bienal de SP
Diretor da Tate fala da importância do evento fora do eixo EUA-Europa e da aquisição de obras de brasileiros
Curador britânico
estreitou os laços da
instituição com o Brasil
por meio de mostra na
Oca, realizada em 2003
DO ENVIADO A LONDRES
A seguir, Serota segue o balanço dos dez anos da Tate, mas fala também da importância da Bienal de São
Paulo.
A relação do diretor inglês
tem sido intensa com o Brasil
nos últimos dez anos. Em
2003, ele organizou a grande
mostra do acervo da Tate, na
Oca, em São Paulo, um dos
fatores que ajudou o Brasil a
ser o país que mais acessou o
site da Tate no início do século 21, após o Reino Unido.
Já nos últimos anos, foi a
vez de a Tate apresentar a arte brasileira, com grandes exposições de Hélio Oiticica e
Cildo Meireles, ambos com
obras adquiridas pela instituição graças ao comitê latino-americano. A Tate possui
agora oito obras de Oiticica,
entre elas a histórica "Tropicália".
(FABIO CYPRIANO)
Folha - Qual a sua expectativa
para a Bienal de São Paulo?
Nicholas Serota - Por muitos anos, a Bienal de São Paulo foi a mais importante exposição para sinalizar o desenvolvimento da arte contemporânea fora da Europa e
Estados Unidos.
Sabemos também que
houve momentos de dificuldade, mas eu tenho esperanças de que, em 2010, a exposição será muito forte. E a
Bienal está sob uma nova direção, que tem maior independência e espero que, por
isso, 2012 e 2014 sejam anos
que sigam esse novo modelo.
Obras importantes de brasileiros como Hélio Oiticica foram recentemente adquiridas pela Tate por meio do comitê latino-americano. Ele foi
criado por você?
Sim, esse é um grupo de
apoiadores. Eles são cerca de
40 e a coordenadora é Tiqui
Atencio Demirdjian, venezuelana que vive em Londres. Todos eles contribuem
financeiramente para adquirirmos latino-americanos.
E, em sua maioria, compramos obras de artistas vivos, apenas ocasionalmente
compramos trabalhos de
meados do século 20, como
fizemos com "Tropicália", de
Hélio Oiticica.
Como a instituição lida com
as novas mídias e redes sociais?
A internet vem se tornando algo muito importante para nós. Alcançamos grandes
audiências que não conseguem vir ao prédio fisicamente, é intrigante que, após
o ano 2000, nossa maior audiência fora do Reino Unido
veio do Brasil.
Não tenho certeza se ainda
é assim, mas com certeza é
uma parcela significativa.
A Tate consegue hoje no setor
privado cerca de 60% de seu
orçamento. A que se deve esse sucesso?
O sucesso do programa
atrai o interesse de patrocinadores, que procuram
apoiar eventos que alcançam
muita gente. Somos ambiciosos na filiação, temos bastante sucesso na livraria, na loja
e no restaurante.
E você acredita que a Tate
Modern mudou também a
forma como os políticos observam as artes visuais?
Sim, acho que eles foram
afetados também, percebendo que cultura não é algo para uma pequena elite, mas
que alcança audiências muito mais amplas.
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