São Paulo, quinta-feira, 21 de outubro de 2004

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28ª MOSTRA

Com toques surrealistas, canadense critica os EUA e prepara curta para o centenário do mestre do neo-realismo

Maddin planeja homenagem a Rossellini

DA REDAÇÃO

Leia a seguir continuação da entrevista com Guy Maddin, homenageado com retrospectiva na 28ª Mostra, em que fala sobre "A Música Mais Triste do Mundo", os EUA e a "escalação" de mortos. (LÚCIA VALENTIM RODRIGUES)
 

Folha - Por que escolheu usar essa textura mais primitiva, misturando o preto-e-branco às cores?
Maddin -
Aprendi, logo em meu primeiro filme, que sem clima não se tem nada. Não foi uma coisa planejada [o uso do p&b e do estilo de longas antigos]. Foi mais uma mensagem que quis incluir no enredo. As minhas histórias ganharam sabor dessa maneira.

Folha - Foi intencional fazer em "A Música Mais Triste do Mundo" uma crítica pesada aos EUA?
Maddin -
Não pensei em fazer um filme político. Por outro lado, estava consciente de que, ao ter um personagem que era norte-americano, outro sérvio e outro africano, eles assumiriam as respectivas alegorias de seus países. O protagonista acabou se tornando a representação da relação de amor e ódio que até mesmo os americanos sentem pelos EUA.

Folha - Qual a parte mais difícil de um filme?
Maddin -
Escolher o elenco, com certeza. Costumava chorar a cada fase de testes. Certa vez, peguei uma lista de atores e liguei para o agente de um finlandês. Ele me disse que o cara tinha morrido havia três anos. Quando percebi que estava tentando contratar atores mortos, vi que estava com problemas sérios. Tinham-se acabado as opções entre os vivos [risos].

Folha - E o próximo filme?
Maddin -
Vou rodar um curta com Isabella Rossellini para homenagear o centenário de nascimento de seu pai, Roberto Rossellini, que é em 2006. Mas estou num período de transição. Terei de sentar e esperar algumas vozes me dizerem o que fazer.


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