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28ª MOSTRA
Com toques surrealistas, canadense critica os EUA e prepara curta para o centenário do mestre do neo-realismo
Maddin planeja homenagem a Rossellini
DA REDAÇÃO
Leia a seguir continuação da entrevista com Guy Maddin, homenageado com retrospectiva na 28ª Mostra, em que fala sobre "A Música Mais Triste do Mundo", os
EUA e a "escalação" de mortos.
(LÚCIA VALENTIM RODRIGUES)
Folha - Por que escolheu usar essa textura mais primitiva, misturando o preto-e-branco às cores?
Maddin - Aprendi, logo em meu
primeiro filme, que sem clima
não se tem nada. Não foi uma coisa planejada [o uso do p&b e do
estilo de longas antigos]. Foi mais
uma mensagem que quis incluir
no enredo. As minhas histórias
ganharam sabor dessa maneira.
Folha - Foi intencional fazer em
"A Música Mais Triste do Mundo"
uma crítica pesada aos EUA?
Maddin - Não pensei em fazer
um filme político. Por outro lado,
estava consciente de que, ao ter
um personagem que era norte-americano, outro sérvio e outro
africano, eles assumiriam as respectivas alegorias de seus países.
O protagonista acabou se tornando a representação da relação de
amor e ódio que até mesmo os
americanos sentem pelos EUA.
Folha - Qual a parte mais difícil de
um filme?
Maddin - Escolher o elenco, com
certeza. Costumava chorar a cada
fase de testes. Certa vez, peguei
uma lista de atores e liguei para o
agente de um finlandês. Ele me
disse que o cara tinha morrido havia três
anos. Quando percebi que estava
tentando contratar atores mortos,
vi que estava com problemas sérios. Tinham-se acabado as opções entre os vivos [risos].
Folha - E o próximo filme?
Maddin - Vou rodar um curta
com Isabella Rossellini para homenagear o centenário de nascimento de seu pai, Roberto Rossellini, que é em 2006. Mas estou
num período de transição. Terei
de sentar e esperar algumas vozes
me dizerem o que fazer.
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