São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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CINEMA

Com 36 anos de profissão, a atriz de "Plano de Vôo", que estréia hoje no Brasil, diz estar mais exigente para escolher seus trabalhos

Bissexta, Jodie Foster volta com polêmica

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

É mais fácil você encontrar um CD ao vivo do Pearl Jam (eles já lançaram uns cem) do que um filme que tenha Jodie Foster como protagonista. Isso porque a atriz norte-americana de 42 anos está no métier há 36, desde que um cachorro felpudo puxou a parte inferior de seu biquíni numa propaganda do "bronzeador" Coppertone, aos seis anos de idade.
"Sim, estou mais exigente", confirma ela à Folha na suíte de um hotel cinco estrelas de Beverly Hills, na Califórnia. Foi essa exigência que fez com que a eterna prostituta-mirim de "Taxi Driver", a obra-prima de Martin Scorsese de 1976 com Robert de Niro que ainda hoje é seu melhor filme, trabalhasse em 38 longas, mas apenas um a cada dois ou três anos na última década.
O último foi "Quarto do Pânico", de 2002. Agora, ela está de volta com "Plano de Vôo", que estréia hoje no Brasil. Comercial, pero no mucho (leia crítica nesta página). E polêmico. Por conta do pouco lisonjeiro papel secundário de uma comissária de bordo, os sindicatos norte-americanos pediram o boicote da classe. Sem muito resultado: "Plano de Vôo" estreou nos EUA com US$ 25 milhões de bilheteria e faturou US$ 72 milhões até agora.
Polêmicas, aliás, não são novidade na vida de Foster, mãe de dois filhos, Charles, nascido em 1988, e Kit, de 2001, ambos de pais não-revelados. Ela vive com a atriz Cydney Bernard há muitos anos, mas não revela nem fala dobre a natureza da relação. Leia tópicos de sua entrevista:
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11/9 COMO METÁFORA - Desde o ataque terrorista, as pessoas nos Estados Unidos estão com medo. Medo do desconhecido, do que é diferente de você, do que vem do céu, como o avião enorme do filme. Mas acho que este sentimento é característica do país desde quase sua fundação. Primeiro, temíamos os índios. Depois, os ingleses. Então, os imigrantes. E é o medo que nos move, às vezes para a direção errada, como nas guerras e no preconceito, mas muitas vezes na direção certa, como na conquista da Lua.

ATRIZES ENTERRADAS - Vamos falar claro, Hollywood mata e enterra as mulheres de mais de 35 anos. Simplesmente os papéis desaparecem. O que me oferecem, em 90% dos casos, é porcaria. E eu sou exigente quanto aos 10% restantes. Aliás, penso em só aceitar papéis daqui para a frente que peçam algo diferente de mim, um desafio que me custe meses e meses, como aprender a tocar violino ou falar português. Se bem que já estive várias vezes no Brasil com minha família e sei pedir caipirinha, feijoada...

POR QUE "PLANO DE VÔO" - Não foi o gênero nem o script, mas o papel, você acredita? Uma engenheira de turbinas que não tem certeza de seu marido de suicidou e embarca de Berlim de volta aos Estados Unidos com a filhinha única e o caixão do marido. No meio do vôo, a menina some. Você pode imaginar isso? O que ela passa no filme de certa maneira é algo que eu temo intimamente. Não ser capaz de preservar suas crianças a salvo.

SPIKE LEE - Acabei de fazer "Inside Man", com Denzel Washington, dirigido por Spike Lee. Foi um trabalho curto, de três semanas, por isso aceitei. E por Denzel. Trabalhar com ele é um sonho, talvez seja o melhor ator vivo. Se ele ler a lista telefônica, eu estarei na platéia. E Spike é Spike, seus filmes são guerrilhas, não filmes. Ele tem um orçamento apertado, duas ou três câmeras, filma três vezes uma cena no máximo e fala: "Próxima!".

ROBERT DE NIRO - "É Sugarland", sobre trabalhadores jamaicanos que vivem em condições de semi-escravidão. Dirijo, mas atuo também com Bob de Niro, que interpreta o dono de uma fazenda de cana-de-açúcar. É nossa primeira parceria desde "Táxi Driver", quando eu tinha 12 anos e ele, 33...(Risos).


O jornalista Sérgio Dávila viajou a Los Angeles a convite da Buena Vista

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