São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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Mônica Bergamo

@ - bergamo@folhasp.com.br

Julia Moraes/Folha Imagem
O apresentador de TV Sérgio Mallandro, 44


Me leva para a Câmara

RENATA BANHARA

A modelo Renata Banhara, 30, proclama: "Este é o ano de os artistas se elegerem. Você nunca viu um artista envolvido em mensalão!". Renata, que já estampou a capa de várias revistas masculinas, recebeu o convite do seu ex-marido e deputado federal Frank Aguiar para se filiar ao PTB.  

FOLHA - Qual é a sua relação com a política?
RENATA
- Quando era adolescente, rebelde, tinha um encantamento pelo PT. Mas, há pouco tempo, o doutor Roberto Jefferson foi lá, entregou todo o PT e mostrou que não existe oposição. O Roberto Jefferson é o meu herói. Sou fã dele. Ele é um artista, meio lúdico.

SÉRGIO MALLANDRO

O apresentador de TV Sérgio Mallandro, 44, faz mistério sobre a candidatura. "Só vou subir ao ringue se eu estiver preparado." Mas já sabe que, se eleito pelo PTB, não vai esquecer seu lado irreverente na Câmara de Vereadores. "Não é só porque é vereador que tem que impostar a voz. Para cada projeto aprovado, vou mandar um glu-glu para eles. Se não conseguir a aprovação, yeah-yeah!"  

FOLHA - Você não tem medo de ser tachado de palhaço dentro da Câmara de Vereadores?
MALLANDRO
- Eu sou um palhaço diferente, alegre, feliz da vida. Eu sou o palhaço, mas não faço os outros de palhaço, que é o que acontece neste país. O problema é o sentimento de impunidade. Isso já virou uma comédia dramática. Bicho, fazem um monte de coisa na nossa cara e ninguém faz nada. Tem que ser punido, né?

FOLHA - Você se considera de direita ou de esquerda?
MALLANDRO
- [risos] Eu comecei a jogar futebol com a perna direita, depois aprendi a chutar com a perna esquerda. Hoje, chuto com a direita e com a esquerda. Isso tudo sem cair no chão. Rarrá! Não sei o que é de direita ou de esquerda. Ou o cara é bom ou é ruim, não existe do meio.

FOLHA - Por que você acha que vai se eleger em 2008?
MALLANDRO
- Se eu entrar, vou ganhar. Porque eu confio em mim, pô! Porque eu votaria em mim! Eu vou ser um dos mais votados na história.

LÉO AQUILLA

Não é a primeira vez que o transformista Léo Aquilla se arrisca na política. Em 2006, ele se candidatou a deputado estadual pelo PSC, mas os 21.778 votos que recebeu não foram suficientes para se eleger. "Se eu tivesse recebido o apoio que o partido tinha prometido, teria uns 200 mil votos", lamenta. Apesar de ter trocado de partido -agora, veste a camisa do PR-, Léo, que nunca diz a idade, manterá a estratégia: usará, outra vez, gravata rosa durante toda a companha. "Fiquei conhecido como o candidato da gravata rosa. As pessoas já se acostumaram comigo [vestido] de menino."  

FOLHA - O que você aprendeu com a primeira candidatura?
LÉO AQUILLA
- Você sabe que o meu maior problema foi convencer as pessoas de que eu não estava ali para roubar? As pessoas questionavam mais a minha idoneidade do que a minha condição sexual, acredita?

FOLHA - Quais são seus projetos?
AQUILLA
- Tenho três. O primeiro é voltado para a educação infantil. Quero incluir uma disciplina a mais nas escolas, que vai ser a "educação emocional". É para falar de amor e tolerância ao próximo. O segundo é um pouco mais polêmico. Vou propor o uso da camisinha no casamento. Eu estou fazendo isso por amor às mulheres, porque eu, inclusive, gostaria de ser uma [risos]. O marido sai pra fazer sexo com travesti, com prostituta e acaba se contaminando. Também quero propor uma Lei Rouanet gay, para incentivar eventos gays.

FOLHA - Você vai se apresentar com um candidato-transformista?
AQUILLA
- Você sabe o que é uma drag queen? Uma drag queen é um palhaço de luxo. Eu quero que as pessoas votem no Léo Aquilla e não, na Léo Aquilla, a transformista, que é uma palhaça, porque palhaço já tem demais na política.

FOLHA - Qual é o seu trunfo na candidatura?
AQUILLA
- É o público infantil. A criança pode não votar, mas a mãe vota. A criançada ama Léo Aquilla. Todo mundo acha que eu pareço com a Barbie.

RONALDO ESPER

No início do ano, o estilista Ronaldo Esper, 63, foi acusado de furtar vasos em um cemitério de São Paulo. Absolvido, diz ter recebido convite de "todos os partidos, menos os de esquerda" para se candidatar.
Aceitou ir para o PTB e fará sua campanha para vereador em 2008. "Os partidos começaram a me procurar depois dessa história do cemitério. Às vezes, vou às reuniões [do PTB] e fico me perguntando o que eu tenho a ver com tudo isso. Não sou a rainha da Inglaterra."  

FOLHA - Pretende usar o escândalo dos vasos do cemitério a seu favor?
RONALDO ESPER
- Quero fazer uma varredura nos cemitérios. Estão um horror! Cerca de 70% de túmulos estão quebrados. Já vi cadáver no chão. Também vi gente transando... de todos os sexos! Um horror!

FOLHA - Tem outros projetos?
ESPER
- Quero criar um retiro final para homossexuais, sabe? Um local que seria como um asilo, mas não é. Na verdade, é re-ti-ro. As pessoas perguntam: "Por que os idosos homossexuais não podem ficar com outros em um asilo?" Um homossexual idoso, que tenha desejo sexual, cria tumulto em um asilo. Então, quero criar um lugar só para ele passar o fim da vida.

FOLHA - Então, você vai se apoiar no eleitorado gay?
ESPER
- Querida, me pergunta: "Você é homossexual"?

FOLHA - Você é homossexual?
ESPER
- Vivem me perguntando isso. Eu digo que não. Mas, como o homossexual vai ser muito cuidado na minha campanha, digo que sim para o homossexual que me interesse e que é inteligente. Para o que não me interessa, não sou.

FOLHA - Qual a vantagem de ser político no Brasil?
ESPER
- Político aqui é sinônimo de... não posso nem dizer! Vantagem financeira, nenhuma. Só terei a vantagem de, por exemplo, se achar que o cemitério está destruído, entrar falando grosso sem helicóptero da Globo pra me encher o saco.

OVELHA

Após 25 anos fazendo campanha para outros candidatos -entre eles, Jânio Quadros e Paulo Maluf-, Ovelha, 52, decidiu, enfim, traçar sua própria trajetória política. O cantor, que fez sucesso nos anos 80 com o hit "Sem Você Não Viverei", ainda crê em sua popularidade para entrar na Câmara.  

FOLHA - Quais lições você aprendeu com Jânio Quadros?
OVELHA
- Bicho, eu aprendi tanta coisa. Compus a música da campanha dele [para prefeito, em 1985]: "Chegou a hora da honestidade, do trabalho, da saúde, educação, o Jânio vai voltar com a vassoura, para acabar com a corrupção". Ele era pálido e me dizia [com a voz grossa]: "Ovelha, você é um rapaz muito inteligente. Tire proveito disso". A gente comentava sobre coisas de Q.I., inteligência. Eu perguntava: "Mas, doutor, esse negócio de política não dá muito trabalho, não?". Ele falava: "Isso é amor, rapaz. A política é um vírus. O que você não pode fazer é sacanagem".

FOLHA - Direita ou esquerda?
OVELHA
- Sabe que nunca pensei nisso? Sou meio anarquista.


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