São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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Ella Fitzgerald é tema de próximo volume da coleção

Cantora estará em livro-CD da Coleção Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

Domingo que vem, a Coleção Folha Clássicos do Jazz leva às bancas aquela que ficou conhecida como a "primeira-dama da canção". Tendo vencido 13 vezes o Grammy e vendido mais de 40 milhões de discos em vida, Ella Fitzgerald (1917-1996) foi uma das cantoras mais populares do século 20.
Além do reconhecimento do público, não faltaram a ela o aplauso da crítica e de seus pares. "Homem, mulher ou criança, Ella é a maior de todas", disse Bing Crosby. "Não percebi que nossas canções eram tão boas até que Ella as cantasse", afirmou Ira Gershwin.
Fitzgerald já teria seu lugar na história da música garanti- do se, simplesmente, tivesse sido a maior expoente do "scat", técnica de canto do jazz em que sílabas onomatopaicas são cantadas com melodias improvisadas.
Imitando os solos dos trompetistas de bebop, ela era capaz, efetivamente, de solar como os melhores instrumentistas de sua geração e estabeleceu os padrões de excelência pelos quais os cantores de jazz são julgados até hoje.
Mas isso é apenas parte de sua musicalidade aparentemente inesgotável. Com uma voz de grande extensão, abrangendo três oitavas, Fitzgerald foi também uma intérprete versátil, de fraseado impecável, afinação perfeita e lirismo suficiente para cantar também baladas lentas e românticas.
Por todas essas qualidades, tornaram-se itens obrigatórios de colecionador os songbooks que ela registrou a partir da década de 50, pelo selo Verve. George Gershwin, Duke Ellington, Cole Porter, Irving Berlin, Jerome Kern, Johnny Mercer, Rodgers e Hart: cada cancionista norte-americano de destaque daquele período teve suas obras-primas registradas com zelo, afinco, inteligência e sensibilidade por ela.
A lista de parceiros musicais também é expressiva e serve quase como um catálogo dos grandes nomes do jazz no século 20, abarcando de Louis Armstrong (incluindo uma versão antológica dos temas de "Porgy and Bess", a ópera de Gershwin) a Dizzy Gillespie, passando por Count Basie, Duke Ellington, Nat King Cole e Benny Goodman, entre muitos outros.

Versatilidade
Uma trajetória que começou com uma infância difícil, a internação em um reformatório e participações em shows de talentos para jovens, até ingressar, em 1934, na banda do baterista Chick Webb, que seria seu passaporte para a fama.
Fitzgerald teve versatilidade suficiente para se adaptar à mudança de gosto acontecida logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, quando a sonoridade dançante das big bands foi substituída pelas improvisações delirantes do bebop. E continuaria acompanhando as evoluções estéticas ocorridas ao longo de seus 50 anos de carreira.
Dentre os mais de 200 álbuns que gravou, com mais de 2.000 canções, houve espaço, inclusive, para a música brasileira: "Ella Abraça Jobim" (1981), disco duplo com 19 faixas, que inclui versões em inglês de "Vivo Sonhando", "Água de Beber", "Wave", "Dindi" e a inescapável "Garota de Ipanema".


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