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Ella Fitzgerald é tema de
próximo volume da coleção
Cantora estará em livro-CD da Coleção Folha
DA REPORTAGEM LOCAL
Domingo que vem, a Coleção
Folha Clássicos do Jazz leva às
bancas aquela que ficou conhecida como a "primeira-dama da
canção". Tendo vencido 13 vezes o Grammy e vendido mais
de 40 milhões de discos em vida, Ella Fitzgerald (1917-1996)
foi uma das cantoras mais populares do século 20.
Além do reconhecimento do
público, não faltaram a ela o
aplauso da crítica e de seus pares. "Homem, mulher ou criança, Ella é a maior de todas", disse Bing Crosby. "Não percebi
que nossas canções eram tão
boas até que Ella as cantasse",
afirmou Ira Gershwin.
Fitzgerald já teria seu lugar
na história da música garanti-
do se, simplesmente, tivesse sido a maior expoente do "scat",
técnica de canto do jazz em
que sílabas onomatopaicas
são cantadas com melodias improvisadas.
Imitando os solos dos trompetistas de bebop, ela era capaz,
efetivamente, de solar como os
melhores instrumentistas de
sua geração e estabeleceu os
padrões de excelência pelos
quais os cantores de jazz são
julgados até hoje.
Mas isso é apenas parte de
sua musicalidade aparentemente inesgotável. Com uma
voz de grande extensão, abrangendo três oitavas, Fitzgerald
foi também uma intérprete
versátil, de fraseado impecável,
afinação perfeita e lirismo suficiente para cantar também baladas lentas e românticas.
Por todas essas qualidades,
tornaram-se itens obrigatórios
de colecionador os songbooks
que ela registrou a partir da década de 50, pelo selo Verve.
George Gershwin, Duke Ellington, Cole Porter, Irving Berlin,
Jerome Kern, Johnny Mercer,
Rodgers e Hart: cada cancionista norte-americano de destaque daquele período teve suas
obras-primas registradas com
zelo, afinco, inteligência e sensibilidade por ela.
A lista de parceiros musicais
também é expressiva e serve
quase como um catálogo dos
grandes nomes do jazz no século 20, abarcando de Louis
Armstrong (incluindo uma versão antológica dos temas de
"Porgy and Bess", a ópera de
Gershwin) a Dizzy Gillespie,
passando por Count Basie,
Duke Ellington, Nat King Cole
e Benny Goodman, entre muitos outros.
Versatilidade
Uma trajetória que começou
com uma infância difícil, a internação em um reformatório e
participações em shows de talentos para jovens, até ingressar, em 1934, na banda do baterista Chick Webb, que seria seu
passaporte para a fama.
Fitzgerald teve versatilidade
suficiente para se adaptar à
mudança de gosto acontecida
logo após o fim da Segunda
Guerra Mundial, quando a sonoridade dançante das big
bands foi substituída pelas improvisações delirantes do bebop. E continuaria acompanhando as evoluções estéticas ocorridas ao longo de seus 50
anos de carreira.
Dentre os mais de 200 álbuns
que gravou, com mais de 2.000
canções, houve espaço, inclusive, para a música brasileira:
"Ella Abraça Jobim" (1981), disco duplo com 19 faixas, que inclui versões em inglês de "Vivo
Sonhando", "Água de Beber",
"Wave", "Dindi" e a inescapável
"Garota de Ipanema".
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