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MinC distribui R$ 300 mi em prêmios
Editais e bolsas devem beneficiar, até o final do ano, pelo menos 2,6 mil produtores, pesquisadores e artistas
Trata-se do maior investimento da pasta desde sua criação, há 25 anos; orçamento de 2011 está indefinido
ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO
Não estivesse o bordão
desgastado, ele seria, certamente, o mote do evento do
Ministério da Cultura (MinC),
ontem, em Brasília. A cerimônia para o lançamento do
primeiro pacote de editais
que, até o final do ano, deve
premiar cerca de 2,6 mil produtores e artistas, foi pensada no estilo "nunca antes na
história deste país".
É que nunca, desde a criação do Ministério da Cultura,
em 1985, volume tão grande
de recursos foi distribuído diretamente. Por meio de 53
editais, bolsas e convênios,
serão repartidos, entre oito
áreas, R$ 296 milhões
Esse dinheiro compõe o
Fundo Nacional de Cultura
(FNC). Criado com a Lei
Rouanet, em 1991, o FNC,
destinado a financiar, sobretudo, atividades que não
chamam a atenção das empresas que investem em cultura via leis de incentivo,
nasceu frágil e frágil ficou.
O pouco dinheiro que tinha, não raro, sequer saía da
Esplanada dos Ministérios.
"Quando chegamos, o dinheiro do fundo era usado
para o custeio do ministério", diz Alfredo Manevy, secretário-executivo do MinC.
O fortalecimento do fundo
está no bojo da proposta de
reforma da Lei Rouanet - em
trâmite no Congresso.
Quando o governo se propôs a alterar a principal lei de
incentivo do país, os opositores bateram numa tecla: como um ministério que não
consegue investir diretamente no que considera importante quer dizer em que atividades a iniciativa privada deve colocar seus impostos?
"Essa é uma sinalização de
que a lei deixa de ser a única
alternativa para a cultura",
diz Manevy. A quem habituou-se a ver a cultura como
primeira vítima dos cortes,
uma nota: em 2011, o FNC será blindado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias e não
poderá ser contingenciado.
Os editais que começaram
a vir a público ontem - os demais serão lançados no prazo de um mês - foram planejados por comitês encarregados de mapear os diferentes
setores e, na medida do possível, atender às demandas
de produtores e artistas.
"Tivemos que falar com todo mundo, desde povos indígenas até empresas de música", diz Manevy. O MinC estima receber de 28 mil a 30 mil
inscrições. A área que mais
recursos receberá é a de circo, dança e teatro, com R$
66,8 milhões. Os prêmios
contemplam desde apoio a
espaços cênicos e troca de lona circense até ações que valorizem a cultura cigana.
CHAVES DO COFRE
Enquanto comemorava o
recorde de orçamento, de R$
2,2 bilhões em 2010, o MinC
teve de explicar um suposto
encolhimento de seus cofres.
Uma notícia dava conta de
que o Planejamento prevê R$
1,65 bi para 2011. A partir de
uma conta que incluía gastos
com aposentadoria e dívida
pública (nem sempre presentes nesse tipo de cálculo), divulgou-se que a cultura passaria a ter, apenas, 0,16% do
orçamento da União.
"Em primeiro lugar, isso
não está definido", diz Manevy. "Além disso, temos o
compromisso do Planejamento de que, como tem
acontecido nos últimos anos,
o orçamento vai aumentar.
Este ano, só em editais, o
MinC tem o que tinha de orçamento em 2002."
No primeiro ano do governo Lula, a cultura tinha
0,59% do orçamento federal.
Este ano, considerando os
aportes de editais, chegou a
1,27%.
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