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A VIDA COMO ELA NÃO É
Promotor pede punição à rede de TV por exibição de histórias falsas como se fossem verdadeiras
Ministério Público sugere cassação do SBT
DANIEL CASTRO
da Reportagem Local
O promotor Clilton Guimarães
dos Santos, do Ministério Público
Estadual, encaminhou ontem ao
procurador-geral de Justiça do Estado, Luiz Antônio Marrey, representação pedindo punição ao SBT.
O promotor tomou a decisão baseado em reportagem publicada
pela Folha no último domingo,
que relatava a exibição pelo "Programa do Ratinho", do SBT, de falsas histórias protagonizadas por
desempregados.
Na reportagem, pessoas que estiveram no "Programa do Ratinho"
diziam que, de fato, representaram
"papéis" (de falso marido traído,
falso pai-de-santo e falso travesti,
por exemplo) em troca de cachês.
"Estou solicitando providências
para que o governo federal aplique
punição ao SBT pelo mau uso da
concessão", disse Santos. "As medidas podem ser multa e até a revisão da concessão."
Como a investigação sobre redes
de TV são de alçada federal, o Ministério Público Estadual negocia
com o Ministério Público Federal
uma investigação conjunta, que
incluirá também o programa
"Leão Livre", similar ao de Ratinho, exibido pela Record.
A Folha apurou que o procurador geral Marrey vai sugerir ao
procurador-geral da República,
Geraldo Brindeiro, que tome as
providências junto ao governo federal, a quem competem as concessões de TV.
Marrey vem acompanhando
pessoalmente o "Programa do Ratinho" e o "Leão Livre" e sua assessoria estuda medidas que poderiam ser tomadas contra as emissoras que os exibem.
Para o promotor Santos, o "Programa do Ratinho", principalmente, tem "disvirtuado os objetivos
da concessão pública de televisão,
que é promover a dignidade humana, e não feri-la".
Na próxima semana, o promotor
Santos vai encaminhar ao Poder
Judiciário uma ação civil pública
contra o SBT e a Record.
Na ação, o promotor deve pedir
uma indenização de R$ 35 milhões, para um fundo comum, porque considera que esses programas "não respeitam os valores éticos e sociais da pessoa e da família", em contradição com o artigo
221 da Constituição federal.
Procurado pela reportagem até
as 14h de ontem, o diretor jurídico
do SBT, Salvador Regina, não foi
encontrado. O departamento jurídico da Rede Record não quis se
pronunciar.
Em seu programa de anteontem,
Carlos Massa, o Ratinho, disse que
todos os casos exibidos por seu
show no SBT passarão a ser checados pela produção, o que, ele admite, não ocorria.
"A partir de agora, estou cuidando pessoalmente de todos os casos", afirmou. O apresentador reafirmou que desconhecia a exibição
de falsas histórias.
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