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CRÍTICA DVD
Filmes mostram diferentes expressões de Bertolt Brecht
Caixa com três discos reúne produções nas quais o dramaturgo trabalhou
O PONTO ALTO DE "KUHLE WAMPE" É QUANDO PERSONAGENS DE VÁRIAS CLASSES SOCIAIS DISCUTEM A QUEIMA, PELO BRASIL, DE 11 MILHÕES DE QUILOS DE CAFÉ
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LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA
Se o teatro é efêmero, filmes podem ser eternos.
"Brecht no Cinema" realiza
os sonhos de muitos aficionados do dramaturgo alemão no Brasil e permite ao
público em geral conhecer
melhor a vida deste extraordinário poeta do século 20.
Os três DVDs reúnem películas de que Bertolt Brecht
(1898-1956) participou de algum modo, além de um documentário com imagens raríssimas do próprio artista.
Um dos destaques é "Os
Carrascos Também Morrem", filme realizado pelo cineasta alemão Fritz Lang
(1890-1976) nos EUA em
1943. Brecht escreveu o argumento original e colaborou
no desenvolvimento do roteiro, mas não participou das
filmagens. Passado em Praga, tem como herói principal
o povo daquela cidade.
Outra pérola é a versão restaurada da "Ópera dos Três
Vinténs", filmada em 1931,
na Alemanha, por G.W.
Pabst (1885-1967).
Também aqui Brecht permaneceu distante das gravações, mas os atores são os
mesmos da histórica montagem de 1928, com música de
Kurt Weill e direção e adaptação suas do original de John
Gay. Marcas do futuro teatro
épico de Brecht já aparecem
na narrativa da ascensão de
um escroque a banqueiro.
MARXISMO
A ótica marxista do autor
sobressai mesmo em "Kuhle
Wampe: A Quem Pertence o
Mundo", de 1932. Brecht fez o
roteiro com Ernst Ottwald
desse misto de documentário
e ficção, com música de Hans
Eisler e dirigido por Slatan
Dudow (1903-1963).
Realizado no auge do desemprego na Alemanha,
combina imagens das ruas e
fábricas de Berlim com seus
arredores campestres. O ponto alto é uma cena no metrô
em que personagens de várias classes sociais discutem
a queima, no Brasil, de 11 milhões de quilos de café.
Do mesmo diretor, Dudow, há um curta-metragem
mudo sobre as condições de
vida do trabalhador berlinense, filmado em 1930.
Mais fraco que "Mistérios
de uma Barbearia", do próprio Brecht, realizado em
parceria com Erich Engel
(1891-1966) em 1923. De estilo
cômico grotesco, o filme oferece desempenho notável do
ator Karl Valentin (1882-1948), uma das grandes inspirações do jovem Brecht.
Ainda nessa edição, especialíssima, o documentário
"A Vida de Bertolt Brecht",
de Joachim Lang, de 2006,
percorre sua carreira, mas
privilegia a vida pessoal, entrevistando filhos e amigos.
Uma das filhas lembra ter
ouvido da mãe, Helene Weigel (1900-1971), a mais próxima e fiel das muitas amantes
do poeta: "Brecht foi um homem leal. Infelizmente, porém, o foi para muitas".
BRECHT NO CINEMA
DISTRIBUIÇÃO Versátil
QUANTO R$ 69,90
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ótimo
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