São Paulo, sábado, 21 de novembro de 1998

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POLÊMICA
Apesar das catracas eletrônicas, organização só divulga estimativas
Bienal esconde números e diz que público até agora é de 200 mil

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

A 24ª Bienal de São Paulo está escondendo o número de visitantes do evento. Apesar de contar com um sistema de catracas eletrônicas que permite saber o número de pessoas no pavilhão em tempo real, a organização não divulga os dados.
Ontem de manhã, após duas semanas de insistência da reportagem da Folha, a organização divulgou para toda a imprensa um número aproximado: "Mais de 200 mil" até a última quarta, dia 18 de novembro.
A informação foi fornecida por meio de um fax assinado pelo presidente da Bienal, Julio Landmann. Na semana passada, Landmann já havia dado uma estimativa: 180 mil.
Segundo disse na ocasião, não era possível saber o número real porque havia problemas com o sistema de contagem. Desde então, Landmann não atendeu mais a reportagem.
Entretanto, um engenheiro e um economista da Ductor Implantação de Projetos, que gerencia o evento desde a montagem, afirmaram à Folha que não há problemas com o sistema.
O engenheiro Isaltino Neto disse que um relatório é impresso diariamente com o número exato de visitantes. Segundo ele, toda semana é entregue um balanço ao superintendente da Bienal, Carlos Magalhães, que se negou a dar entrevistas.
O engenheiro afirmou ontem que não pode confirmar os "mais de 200 mil" porque seu contrato o impede de falar no assunto. "Os números estão na mesa da diretoria, e só eles podem dizer alguma coisa."
O economista Fábio Mateus, também da Ductor, é o responsável por operar o computador. Ele afirma que o programa possibilita saber quantas pessoas estão na Bienal a qualquer instante, além de somar todos os visitantes até agora.
Ninguém da diretoria da Bienal quis explicar a razão de não se divulgar os números exatos.
Devido ao tamanho do núcleo histórico, que comporta, no máximo, 800 pessoas, a Bienal vende apenas 800 ingressos para cada hora. Isso limita o número de visitantes a 9.600 por dia.
Se ficasse sempre lotada, a 24ª Bienal alcançaria a marca de 566.400 pessoas ao fim do evento. Até hoje, foram 40 dias de exposição. Faltam 19.
Segundo a coordenadora da monitoria, Milene Chiovatto, cerca de 100 mil escolares já visitaram a mostra. Desses, 90 mil são estudantes da rede pública e entraram de graça. Outros 40 mil alunos estão agendados.
A Bienal de 96, que também contou com catracas eletrônicas, teve 398.879 espectadores, conforme se divulgou à época.
Na mesma ocasião, o então presidente Edemar Cid Ferreira disse que os números da Bienal de 94 (544 mil pessoas) não eram confiáveis por não serem contabilizados eletronicamente.

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