São Paulo, sábado, 21 de novembro de 1998

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TV/CRÍTICA
No castelinho da Casé

TELMO MARTINO
Colunista da Folha

Tratando-se de Regina Casé, casteloa está mais do que adequado. E casteloa do Castelinho Muvuca, muito bem situado numa colina do Rio e adequadamente engradado nas noites de sábado da TV Globo. É a overdose semanal de caricatas. Claudia Jimenez na novela das oito e, logo depois, a Regina Casé com suas muviquices.
Pelo jeito, o elenco Globo foi convidado para uma festa comemorativa do novo programa. Fernanda Montenegro estava lá talvez interpretando o papel de uma embaixatriz. Muita dignidade encobrindo qualquer emoção. Tão diferente da casteloa que não quer encobrir nada. Se a frase não teve a menor graça nunca cairá pesada no pé de alguém. Ela já é dita com a gargalhada que lhe dá vôo curto. Porque logo em seguida tem mais e muito mais.
A primeira vítima foi a Angélica. Longe das crianças, ela contou uma intimidade. Casé quis brincar com a touca do chuveiro; não deu certo. Ela se esqueceu de que é diferente com as moças louras e bonitas.
O elenco Globo é inesgotável. A casteloa muvuquenta se lembrou de que era aniversário do Cid Moreira e foi fazer compras no Fashion Mall. Todo mundo ama Regina Casé? Ela acha que sim. Entra na loja e é aquele constrangimento dos vendedores. Com duas borboletas prendendo-lhes os cabelos, Regina Casé não é só casteloa. É uma 002. Só não tem o direito de matar. Abre a cortina da cabine de provar roupa e lá encontra dois rapazes. "Estão se beijando aí?" "Não, estamos fugindo do programa." Mais sensatos do que sapecas.
Ao se ver refletida com Angélica em um espelho do banheiro das revelações, a casteloa se lembrou de que precisava de uma cozinheira. Apareceram muitas candidatas. A casteloa começou a imitar a mulher-traço, com perguntas do tipo "já se apaixonou por seu patrão". Umas se defendem com timidez. Outras se deixam seduzir pelo interesse. Tudo para cair no mesmo constrangimento.
Não se sabe se para defender o castelo ou os encantos de casteloa, ela chamou um mestre de feng shui. "Fui professor de Mel Gibson", disse, sem se dar conta da decadência.
Depois de ter achado uma engenhoca que distorce a voz de quem se aproxima de um microfone, a casteloa Regina Casé acrescentou uma página à história da televisão. Além de distorcer a voz mais solene do veículo, ainda lhe arrancou uma entrevista. Pequena, mas primeira. A equipe técnica do programa apareceu para festejar com a esperada avidez por uma imagem. O domingo foi muito repousante. Ninguém se lembrou de ligar a televisão.



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