São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2001

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ARTES PLÁSTICAS

Salvador e Curitiba já não postulavam mais museu

Governo de Pernambuco desiste de Guggenheim

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

No início foram tapetes vermelhos em vários cidades. Thomas Krens, o diretor do Museu Guggenheim, visitou o Brasil diversas vezes e foi cortejado por prefeitos, governadores, e até o vice-presidente, Marco Maciel. Todos interessados em ter uma filial do museu em suas capitais, de olho no sucesso -mais econômico do que cultural- do Guggenheim em Bilbao, na Espanha.
Aos poucos, cada uma das quatro cidades escolhidas por Krens (Rio, Salvador, Curitiba e Recife) passaram a desistir do namoro. A razão principal tem sido o caro estudo de viabilidade proposto pelo museu, entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, conforme o local.
O último a desistir, depois de Curitiba e Salvador, foi o governo do Estado de Pernambuco. Assessores do prefeito João Paulo (PT) afirmam que a principal razão foi política, para não valorizar a prefeitura petista da cidade. O governo do Estado contesta. "A questão não é política. Achamos que gastar R$ 4 milhões apenas para realizar um estudo seria demais para um Estado pobre", disse anteontem à Folha o secretário de Cultura de Pernambuco, Raul Henry. "Além do mais, as regras do museu são muito parciais, só os interesses deles estão contemplados no estudo", afirmou Henry.
Outra razão para a desistência é a construção do complexo de Tacaruna, ruína do século 19, na divisa entre Recife e Olinda, que será transformado em centro cultural, projeto do governo do Estado. Entre os equipamentos programados está a construção de um museu de arte contemporânea, a partir do acervo do marchand e colecionador Marcantônio Vilaça, morto há dois anos.
"Nossa previsão é que sejam gastos US$ 15 milhões para as obras, o que inviabiliza que o Estado gaste mais em outras construções na área da cultura", disse Henry.
O estudo de viabilidade seria pago por uma parceria entre o governo estadual e a prefeitura do Recife, que ainda tem esperanças da construção do Guggenheim na cidade.
Entretanto, segundo a assessoria da secretaria de Cultura da cidade, sem o apoio do governo estadual "será difícil entrarmos no processo sozinhos".
Assim sobra apenas o Rio de Janeiro. O prefeito da cidade, César Maia, anunciou no mês passado que o contrato para o estudo de viabilidade já havia sido assinado, mas o Guggenheim, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que o museu está ainda em "discussões" para a assinar o contrato.



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