São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

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Trajetória de Anita Malfatti é revista em livro

Luzia Portinari Greggio, autora da publicação, já organizou exposição e realizou documentário sobre a vida da pintora

"Anita Malfatti - Tomei a Liberdade de Pintar a Meu Modo", que acaba de ser lançado, fala da vida e da obra da pintora modernista

DA REPORTAGEM LOCAL

Há exatos 90 anos, em dezembro de 1917, a "Exposição de Pintura Moderna de Anita Malfatti" causava furor em São Paulo. As telas da jovem pintora, recém-egressa de uma temporada de estudos nos EUA, receberam contundente crítica de Monteiro Lobato -que ficaria célebre com o título "Paranóia ou Mistificação".
O episódio, que marcou a carreira da artista e a história do modernismo brasileiro, é relembrado no livro "Anita Malfatti - Tomei a Liberdade de Pintar a Meu Modo" (editora Magma, 152 págs., R$ 120), de Luzia Portinari Greggio.
"Anita foi protagonista de momentos de ruptura e essencial para a Semana de Arte Moderna de 1922. Apesar dos imigrantes, São Paulo não estava preparada para aquilo [a mostra de 1917]", diz Luzia. "Havia muitas polêmicas em torno da sua obra e de sua vida, uma cobrança muito grande porque ela fez ou deixou de fazer algo."
Sobrinha de Candido Portinari, a autora foi curadora de uma exibição da pintora no Espaço da BM&F, em 2004, e dirigiu também o documentário "Lembranças de Anita".
O livro reúne mais de 140 imagens, entre elas, "O Farol" e "O Homem Verde", que participaram da mostra de 1917, além de "A Boba", outro ícone da obra de Malfatti. Há também retratos, flores e paisagens.
Depois de fazer obras seminais para o modernismo brasileiro, a artista realizou trabalhos de caráter mais acadêmico, um aparente retrocesso.
"Ela atenua sua obra para temas mais femininos, que era, por outro lado, o que ela podia vender. Ela dependia da clientela que existia naquela época. Retrato, flores eram coisas que as pessoas gostavam de colocar na parede", explica Greggio.
"Se Anita tivesse a independência econômica como Tarsila [do Amaral], muito provavelmente continuaria no caminho expressionista", especula.
A influência do expressionismo tinha relação com sua formação. Filha de mãe americana, descendente de alemães, Malfatti foi estudar primeiro na Alemanha, depois nos EUA e não em Paris, a capital cultural daquele período. "Isso é importante na vida dela. Paris refletia o pós-impressionismo." (TEREZA NOVAES)

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