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Trajetória de Anita Malfatti é revista em livro
Luzia Portinari Greggio, autora da publicação, já organizou exposição e realizou documentário sobre a vida da pintora
"Anita Malfatti - Tomei a Liberdade de Pintar a Meu Modo", que acaba de ser lançado, fala da vida e da obra da pintora modernista
DA REPORTAGEM LOCAL
Há exatos 90 anos, em dezembro de 1917, a "Exposição
de Pintura Moderna de Anita
Malfatti" causava furor em São
Paulo. As telas da jovem pintora, recém-egressa de uma temporada de estudos nos EUA, receberam contundente crítica
de Monteiro Lobato -que ficaria célebre com o título "Paranóia ou Mistificação".
O episódio, que marcou a carreira da artista e a história do
modernismo brasileiro, é relembrado no livro "Anita Malfatti - Tomei a Liberdade de
Pintar a Meu Modo" (editora
Magma, 152 págs., R$ 120), de
Luzia Portinari Greggio.
"Anita foi protagonista de
momentos de ruptura e essencial para a Semana de Arte Moderna de 1922. Apesar dos imigrantes, São Paulo não estava
preparada para aquilo [a mostra de 1917]", diz Luzia. "Havia
muitas polêmicas em torno da
sua obra e de sua vida, uma cobrança muito grande porque
ela fez ou deixou de fazer algo."
Sobrinha de Candido Portinari, a autora foi curadora de
uma exibição da pintora no Espaço da BM&F, em 2004, e dirigiu também o documentário
"Lembranças de Anita".
O livro reúne mais de 140
imagens, entre elas, "O Farol" e
"O Homem Verde", que participaram da mostra de 1917, além
de "A Boba", outro ícone da
obra de Malfatti. Há também
retratos, flores e paisagens.
Depois de fazer obras seminais para o modernismo brasileiro, a artista realizou trabalhos de caráter mais acadêmico, um aparente retrocesso.
"Ela atenua sua obra para temas mais femininos, que era,
por outro lado, o que ela podia
vender. Ela dependia da clientela que existia naquela época.
Retrato, flores eram coisas que
as pessoas gostavam de colocar
na parede", explica Greggio.
"Se Anita tivesse a independência econômica como Tarsila [do Amaral], muito provavelmente continuaria no caminho
expressionista", especula.
A influência do expressionismo tinha relação com sua formação. Filha de mãe americana, descendente de alemães,
Malfatti foi estudar primeiro
na Alemanha, depois nos EUA e
não em Paris, a capital cultural
daquele período. "Isso é importante na vida dela. Paris refletia
o pós-impressionismo."
(TEREZA NOVAES)
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