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Televisão / Crítica
Brooks fez belo exercício de antecipação
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O título original de "O Homem com a Lente Mortal"
(HBO, 0h45; não recomendado
a menores de 12 anos) é, mais
apropriadamente, "Wrong Is
Right", ou "certo é errado". Vale, primeiro, do ponto de vista
do enredo, em que um famoso
jornalista de TV (Sean Connery), com ligações importantes no Oriente Médio, se vê a
horas tantas aprisionado numa
teia arquiperigosa, sobre a qual
não tem a menor influência.
A saber: um poderoso local
dispõe-se a repassar armas atômicas a terroristas, que as jogariam em Israel. Ele tomaria essa atitude como represália ao
presidente dos EUA, que deseja
tirá-lo do poder.
Do ponto de vista da ficção,
temos aí um belo exercício de
antecipação (o filme é de 1982).
Ele não se detém na semelhança com aspectos da política internacional no século 21.
É o fato do repórter se ver
perdido entre tantas visões da
realidade, entre tantas versões
do mundo que mais o aproxima
de nós.
Mas o aspecto mais interessante deste filme de Richard
Brooks é sua distância em relação à produção média, sua ousadia de saber se perder junto
com seu herói, de não fingir
que o mundo é facilmente
compreensível, nem divisível
de imediato em certo/errado.
Brooks contraria, com sua
proverbial honestidade, as regras do sucesso cinematográfico. Regras cada vez mais explícitas. Paga um preço: o fracasso
imediato. Mas faz um filme
memorável.
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