São Paulo, segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

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Estado de cineasta do filme "Lula" é grave

Fábio Barreto, 52, capotou com o carro anteontem, no Rio, teve traumatismo craniano e respira com aparelhos

Sem previsão de alta, diretor deve permanecer em coma induzido de sete a dez dias; presidente Lula ligou ao pai do cineasta em solidariedade

BRUNO CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O cineasta carioca Fábio Barreto, 52, cujo filme sobre o presidente Lula estreia no dia 1º de janeiro, capotou com o carro na noite de anteontem, em Botafogo, na zona sul do Rio. Ele sofreu traumatismo craniano e respira com a ajuda de aparelhos na UTI do Hospital Copa D'or, em Copacabana. Com estado de saúde grave, Barreto está em coma induzido e não há previsão de alta.
O acidente ocorreu por volta das 23h, na rua Real Grandeza, enquanto Barreto seguia para casa, vindo do aeroporto do Galeão. Ele não conseguira embarcar para o Piauí, onde participaria do festival de cinema e passaria o Natal ao lado da mulher, a atriz Débora Kalume, e de um dos quatro filhos.
O presidente Lula telefonou para a família do cineasta manifestando solidariedade. Hoje e amanhã, Lula cumpre agenda no Rio e, em algum momento, poderá encontrá-los.
De acordo com a irmã, a produtora Paula Barreto, 50, a Pajero de Barreto, desgovernada, caiu na pista oposta, alguns metros abaixo: "Não sei se ele perdeu a direção [...] Mas o carro subiu o meio-fio, quebrou uma grade e caiu na outra pista".
Os pais, Luiz Carlos Barreto, 81, e Lucy, 76, só souberam do acidente pela manhã. "Queria acordá-los com uma notícia melhor. São idosos", disse.
Inicialmente, o cineasta foi socorrido pelo instrutor de salvamento do Corpo de Bombeiros Wagner Generoso, 26, que mora perto do local do acidente e estava na janela no momento. "A Pajero vinha lado a lado com um táxi. Tudo indica que ele perdeu a direção, pois foi direto na grade", disse Generoso.
Barreto estava dentro do carro, inconsciente. "Primeiro, pensei em óbito. Então, segurei sua mão e disse para confiar em Jesus, que poderia salvá-lo. Aí percebi que ele respirou duas vezes com força", contou.
Acionados por Generoso, bombeiros levaram o cineasta ao Hospital Municipal Miguel Couto. Lá, foi submetido a uma cirurgia de emergência para retirar a calota craniana do lado esquerdo. O procedimento foi acompanhado pelo neurocirurgião Paulo Niemeyer.
Barreto foi transferido de manhã para o Copa D'or, onde foi submetido a tomografias de crânio, tórax e coluna cervical, além de uma angiografia dos vasos do pescoço.
"Quando chegou ao Miguel Couto, corria risco iminente de morte. Por isso, precisou da cirurgia. Chegou lá num coma profundo, numa situação desesperadora", disse Niemeyer. "Não estamos preocupados com sequelas, mas em mantê-lo vivo. O quadro de hoje [domingo] foi pior do que o de ontem [sábado]."
Nova tomografia será feita hoje, às 8h. O exame deve mostrar se há necessidade de outra cirurgia. Os médicos pretendem manter o coma induzido de sete a dez dias.
Amigos de Barreto estiveram no hospital, como os cineastas Guel Arraes e Sérgio Rezende, a atriz Patrícia Pillar e seu marido, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), o cantor Orlando Moraes, o escritor Frei Betto, a ex-mulher de Barreto Dora Pellegrino, entre outros.
Barreto iniciou carreira de diretor em 1977. Em 1982, dirigiu seu primeiro longa, "Índia, a Filha do Sol", e, em 1996, foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro por "O Quatrilho".


Colaborou JOÃO PEQUENO, colaboração para a Folha

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