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Estado de cineasta do filme "Lula" é grave
Fábio Barreto, 52, capotou com o carro anteontem, no Rio, teve traumatismo craniano e respira com aparelhos
Sem previsão de alta, diretor deve permanecer em coma induzido de sete a dez dias; presidente Lula ligou ao pai do cineasta em solidariedade
BRUNO CUNHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O cineasta carioca Fábio Barreto, 52, cujo filme sobre o presidente Lula estreia no dia 1º de
janeiro, capotou com o carro na
noite de anteontem, em Botafogo, na zona sul do Rio. Ele sofreu traumatismo craniano e
respira com a ajuda de aparelhos na UTI do Hospital Copa
D'or, em Copacabana. Com estado de saúde grave, Barreto está em coma induzido e não há
previsão de alta.
O acidente ocorreu por volta
das 23h, na rua Real Grandeza,
enquanto Barreto seguia para
casa, vindo do aeroporto do Galeão. Ele não conseguira embarcar para o Piauí, onde participaria do festival de cinema e
passaria o Natal ao lado da mulher, a atriz Débora Kalume, e
de um dos quatro filhos.
O presidente Lula telefonou
para a família do cineasta manifestando solidariedade. Hoje
e amanhã, Lula cumpre agenda
no Rio e, em algum momento,
poderá encontrá-los.
De acordo com a irmã, a produtora Paula Barreto, 50, a Pajero de Barreto, desgovernada,
caiu na pista oposta, alguns metros abaixo: "Não sei se ele perdeu a direção [...] Mas o carro
subiu o meio-fio, quebrou uma
grade e caiu na outra pista".
Os pais, Luiz Carlos Barreto,
81, e Lucy, 76, só souberam do
acidente pela manhã. "Queria
acordá-los com uma notícia
melhor. São idosos", disse.
Inicialmente, o cineasta foi
socorrido pelo instrutor de salvamento do Corpo de Bombeiros Wagner Generoso, 26, que
mora perto do local do acidente
e estava na janela no momento.
"A Pajero vinha lado a lado com
um táxi. Tudo indica que ele
perdeu a direção, pois foi direto
na grade", disse Generoso.
Barreto estava dentro do carro, inconsciente. "Primeiro,
pensei em óbito. Então, segurei
sua mão e disse para confiar em
Jesus, que poderia salvá-lo. Aí
percebi que ele respirou duas
vezes com força", contou.
Acionados por Generoso,
bombeiros levaram o cineasta
ao Hospital Municipal Miguel
Couto. Lá, foi submetido a uma
cirurgia de emergência para retirar a calota craniana do lado
esquerdo. O procedimento foi
acompanhado pelo neurocirurgião Paulo Niemeyer.
Barreto foi transferido de
manhã para o Copa D'or, onde
foi submetido a tomografias de
crânio, tórax e coluna cervical,
além de uma angiografia dos
vasos do pescoço.
"Quando chegou ao Miguel
Couto, corria risco iminente de
morte. Por isso, precisou da cirurgia. Chegou lá num coma
profundo, numa situação desesperadora", disse Niemeyer.
"Não estamos preocupados
com sequelas, mas em mantê-lo vivo. O quadro de hoje [domingo] foi pior do que o de ontem [sábado]."
Nova tomografia será feita
hoje, às 8h. O exame deve mostrar se há necessidade de outra
cirurgia. Os médicos pretendem manter o coma induzido
de sete a dez dias.
Amigos de Barreto estiveram
no hospital, como os cineastas
Guel Arraes e Sérgio Rezende, a
atriz Patrícia Pillar e seu marido, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), o cantor Orlando Moraes, o escritor Frei Betto, a ex-mulher de Barreto Dora Pellegrino, entre outros.
Barreto iniciou carreira de
diretor em 1977. Em 1982, dirigiu seu primeiro longa, "Índia,
a Filha do Sol", e, em 1996, foi
indicado ao Oscar de filme estrangeiro por "O Quatrilho".
Colaborou JOÃO PEQUENO, colaboração para a
Folha
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