São Paulo, Sábado, 22 de Janeiro de 2000


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CINEMA
Considerada prévia do Oscar, 57ª edição da premiação, que acontece amanhã, divide os críticos
Globo de Ouro não tem "barbada" este ano

AMIR LABAKI
enviado especial a Nova York

O Oscar 2000 tem sua principal prévia com a entrega, amanhã, do Globo de Ouro.
A cerimônia será transmitida diretamente de Los Angeles, a partir das 23h (horário brasileiro), pelo canal por assinatura USA (Net/Globosat).
O 57º Globo de Ouro confirma a fragmentação como a marca das premiações referentes à safra de 1999. Não houve consenso entre as principais associações de críticos. Inexiste, assim, um favorito certo.
Com seis indicações, "Beleza Americana", de Sam Mendes, lidera a disputa na categoria de filmes dramáticos. É uma subversiva tragicomédia sobre o cotidiano dos ricos subúrbios americanos. Kevin Spacey, no papel do jornalista que joga tudo para o alto, cria um tipo inesquecível à moda dos cínicos protagonistas dos clássicos de Billy Wilder ("Crepúsculo dos Deuses").
Mas "Beleza Americana" pode ser cruel demais para os jornalistas estrangeiros de Hollywood, responsáveis pelo Globo de Ouro. Bons sentimentos não faltam em três dos outros indicados a melhor drama.

"O Informante"
"O Informante", de Michael Mann, puxa a fila, concorrendo em cinco categorias. Baseado em fatos reais, lembra como uma reportagem televisiva sobre a manipulação científica do vício em tabaco por um grande fabricante de cigarros quase foi abafada pela cúpula da rede CBS.
"O Informante" é algo arrastado, mas extrai força de um elenco estupendo (Russell Crowe, indicado, Al Pacino e Christopher Plummer, esnobados).
Da mesma forma, Denzel Washington carrega o também concorrente "The Hurricane" (O Furacão) de Norman Jewison, sobre um boxeador negro injustamente condenado por assassinato.
Há ainda "Fim de Caso" ("The End of the Affair"), adaptação sem brilho por Neil Jordan do mais depressivo romance de Graham Greene sobre a desordem amorosa.
Pena, pois Ralph Fiennes, Julianne Moore e Stephen Rea emprestam rara densidade ao triângulo amoroso na Londres em plena Segunda Guerra (1939-45).

Azarão
Corre por fora, o policial "O Talentoso Ripley". A lente elegante de Anthony Minghella empresta imagens à combinação de crime e homossexualismo do romance de Patricia Highsmith.
Estrelado por Matt Damon e Gwyneth Paltrow, é o azarão da temporada.
Ainda mais equilibrada parece a disputa na categoria dedicada a comédias e musicais.
"Quero Ser John Malkovich" ("Being John Malkovich"), de Spike Jonze, é uma anárquica fábula sobre a crise de identidade na era da fama. Mas o roteiro é melhor que o filme.
"Um Lugar Chamado Notting Hill" fala por enciclopédias sobre as diferenças entre Europa e Hollywood. O par Julia Roberts-Hugh Grant remete à química de Grace Kelly-Cary Grant. Mas o estigma do sucesso pesa contra sua premiação.
A direção de Milos Forman empresta prestígio a "Man on the Moon", biografia do cômico televisivo Andy Kaufmann. Jim Carrey encarna-o de forma obsessiva e parece ter garantido finalmente sua indicação ao Oscar. O filme, contudo, não empolgou crítica ou público.
Em "A Máfia no Divã", Harold Ramis peca pelo esquematismo, mas Robert De Niro e Billy Crystal, em momentos, conseguem driblá-lo.
Por fim, "Toy Story 2" mata as saudades da garotada e tem a competência da Pixar. Mas melhor comédia ou musical?
A HBO domina a disputa entre os telefilmes, com quatro dos cinco indicados.
Um deles já pode ser conferido em vídeo no Brasil: "Joana D'Arc", com Leelee Sobieski ("De Olhos Bem Fechados") e não Milla Jovovich.
Por fim, o Prêmio Cecil B. DeMille será entregue a Barbra Streisand. Quem falou que jornalistas não têm memória?


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