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CINEMA
Considerada prévia do Oscar, 57ª edição da premiação, que acontece amanhã, divide os críticos
Globo de Ouro não tem "barbada" este ano
AMIR LABAKI
enviado especial a Nova York
O Oscar 2000 tem sua principal
prévia com a entrega, amanhã, do
Globo de Ouro.
A cerimônia será transmitida
diretamente de Los Angeles, a
partir das 23h (horário brasileiro), pelo canal por assinatura
USA (Net/Globosat).
O 57º Globo de Ouro confirma a
fragmentação como a marca das
premiações referentes à safra de
1999. Não houve consenso entre
as principais associações de críticos. Inexiste, assim, um favorito
certo.
Com seis indicações, "Beleza
Americana", de Sam Mendes, lidera a disputa na categoria de filmes dramáticos. É uma subversiva tragicomédia sobre o cotidiano
dos ricos subúrbios americanos.
Kevin Spacey, no papel do jornalista que joga tudo para o alto, cria
um tipo inesquecível à moda dos
cínicos protagonistas dos clássicos de Billy Wilder ("Crepúsculo
dos Deuses").
Mas "Beleza Americana" pode
ser cruel demais para os jornalistas estrangeiros de Hollywood,
responsáveis pelo Globo de Ouro.
Bons sentimentos não faltam em
três dos outros indicados a melhor drama.
"O Informante"
"O Informante", de Michael
Mann, puxa a fila, concorrendo
em cinco categorias. Baseado em
fatos reais, lembra como uma reportagem televisiva sobre a manipulação científica do vício em tabaco por um grande fabricante de
cigarros quase foi abafada pela
cúpula da rede CBS.
"O Informante" é algo arrastado, mas extrai força de um elenco
estupendo (Russell Crowe, indicado, Al Pacino e Christopher
Plummer, esnobados).
Da mesma forma, Denzel Washington carrega o também concorrente "The Hurricane" (O Furacão) de Norman Jewison, sobre
um boxeador negro injustamente
condenado por assassinato.
Há ainda "Fim de Caso" ("The
End of the Affair"), adaptação
sem brilho por Neil Jordan do
mais depressivo romance de Graham Greene sobre a desordem
amorosa.
Pena, pois Ralph Fiennes, Julianne Moore e Stephen Rea emprestam rara densidade ao triângulo amoroso na Londres em plena Segunda Guerra (1939-45).
Azarão
Corre por fora, o policial "O Talentoso Ripley". A lente elegante
de Anthony Minghella empresta
imagens à combinação de crime e
homossexualismo do romance de
Patricia Highsmith.
Estrelado por Matt Damon e
Gwyneth Paltrow, é o azarão da
temporada.
Ainda mais equilibrada parece a
disputa na categoria dedicada a
comédias e musicais.
"Quero Ser John Malkovich"
("Being John Malkovich"), de
Spike Jonze, é uma anárquica fábula sobre a crise de identidade
na era da fama. Mas o roteiro é
melhor que o filme.
"Um Lugar Chamado Notting
Hill" fala por enciclopédias sobre
as diferenças entre Europa e
Hollywood. O par Julia Roberts-Hugh Grant remete à química de
Grace Kelly-Cary Grant. Mas o estigma do sucesso pesa contra sua
premiação.
A direção de Milos Forman empresta prestígio a "Man on the
Moon", biografia do cômico televisivo Andy Kaufmann. Jim Carrey encarna-o de forma obsessiva
e parece ter garantido finalmente
sua indicação ao Oscar. O filme,
contudo, não empolgou crítica ou
público.
Em "A Máfia no Divã", Harold
Ramis peca pelo esquematismo,
mas Robert De Niro e Billy
Crystal, em momentos, conseguem driblá-lo.
Por fim, "Toy Story 2" mata as
saudades da garotada e tem a
competência da Pixar. Mas melhor comédia ou musical?
A HBO domina a disputa entre
os telefilmes, com quatro dos cinco indicados.
Um deles já pode ser conferido
em vídeo no Brasil: "Joana
D'Arc", com Leelee Sobieski ("De
Olhos Bem Fechados") e não Milla Jovovich.
Por fim, o Prêmio Cecil B. DeMille será entregue a Barbra Streisand. Quem falou que jornalistas
não têm memória?
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