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DO OUTRO LADO DA PASSARELA
Modelos, maquiadores e stylists se espremem nos camarins pré-desfiles
Bastidores agrupam amor e ódio
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em cem metros quadrados de
paredes pretas, luzes e espelhos,
mais de cem pessoas correm de
um lado para o outro com pressa. Trocam de roupa, procuram
sapatos, sentam, levantam, puxam cabelos e ajeitam golas
num vai-e-vem frenético que
mais parece uma coreografia do
caos. É nesse movimento conturbado que tudo se encaixa.
São assim -com camareiras,
modelos, produtores, maquiadores, cabeleireiros, stylists, seguranças, assessores e fotógrafos- os bastidores de um grande desfile de moda.
"É muita confusão, muita loucura e muito estresse", define a
modelo Yasmin Brunet, filha de
Luiza Brunet. A top Caroline Ribeiro concorda: "É um dos ambientes mais estressantes que
conheço. Todo mundo se ama e
se odeia ao mesmo tempo".
No acesso ao camarim da Cori, modelos chegam esbaforidas
do desfile que acabou de terminar, desviam do aglomerado de
jornalistas que querem entrar e
são conduzidas rapidamente
para a sala da beleza, onde cabelos e maquiagem são providenciados. Quem espera ou já está
pronta, senta no chão.
Duas, quatro, até seis mãos sobre cada uma delas dão conta,
em tempo recorde, da tarefa: esticam cabelos, borrifam sprays e
colorem rostos. Em um canto
da sala, dois massagistas -que
chegam a chacoalhar até 40 modelos por dia- amassam corpos de pouca substância. "Elas
quase não têm musculatura, então é difícil massageá-las. Não
dá para apertar osso. Dói", diz o
fisioterapeuta Daniel Jorge, 22.
Viviane Surgek, 16, recém-saída do massagista e uma das promessas da temporada, suspira:
"Você viaja no tempo. Ajuda a
relaxar da tensão pré-desfile".
Hora das roupas: uma sala
anexa à de cabelo e maquiagem,
várias araras estão marcadas
com o nome da garota que deve
usar as peças ali penduradas.
Cada modelo é vestida dos pés à
cabeça por pelo menos duas camareiras, como se fosse uma
boneca. Ficam quietas, peitos e
coxas à mostra. Olham ao redor
como se não estivessem ali.
Em seguida, o stylist do desfile
passa de modelo em modelo
ajeitando acessórios e afofando
saias. "Tá bom", "tá linda" e "tá
ótimo" são os códigos de que o
resultado ficou a contento.
Dez minutos antes de entrar
na passarela, elas passam por
uma chamada que as arranja
numa fila por ordem de entrada
no desfile. É o prenúncio do
show. Alinhadas, duas conversam, outras riem e outra boceja.
"Vamos lá, meninas, concentração, sensualidade, ritmo e, o
mais importante, vocês estão
lindas", grita o stylist Luciano
Neves, minutos antes do desfile
da Patachou, enquanto maquiadores empoam narizes e testas
suados. "Nesses últimos segundos, dá um superfrio na barriga", conta a top Isabeli Fontana.
O clima é de expectativa. O silêncio finalmente reina. E elas
entram na passarela.
"É um estresse enorme para
uma apresentação de dez minutos. Mas vale a pena. Quando
entro na passarela, esqueço de
tudo", diz a top Carol Trentini,
17. Missão cumprida.
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