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Crítica
Diretora faz "Lady Chatterley" sem badulaques
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Lady Chatterley" (TC
Cult, 22h, não recomendado a
menores de 16 anos) não tem
hoje o peso de escândalo que
teve, em outros tempos, o romance de D.H. Lawrence sobre
a aristocracia inglesa, sobre a
insatisfação feminina, sobre a
sexualidade -enfim, sobre
uma série de coisas que rimam
bem com escândalo e censura.
A diretora Pascale Ferran
não procurou forçar a mão e
evitou o vexame pelo qual Just
Jaeckin fez Sylvia Kristel passar em 1981. Jaeckin explorou
até onde deu a era feminista.
Ferran faz parte de um mundo
em que o desejo feminino está
de certa forma afirmado. Não
há necessidade, portanto, de
cercar Lady Chatterley de badulaques inúteis.
O que lhe basta: uma roupa
no corpo e uma cabana; o branco, o verde, o cinza. São as cores, mais do que tudo, que o filme deixa na memória. Nada de
jardineiro gostosão -ele é um
homem como outros, faz parte
da natureza, como a lady, as folhagens, o desejo. "Lady Chatterley" toma a si a tarefa de integrar tudo isso.
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