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No segundo show, U2 altera o repertório
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Ontem tocamos ao vivo para
todo o Brasil. Hoje é nossa festinha particular." Foi assim, em
português cambaleante, que Bono, vocalista do U2, definiu o segundo show da banda, ontem, em
um Morumbi novamente lotado.
É bem verdade que, até aquela
altura do show -a banda tinha
acabado de tocar a quinta música,
o velho hit "New Year's Day"- o
roteiro do dia anterior estava sendo seguido quase à risca: a exceção tinha sido uma camiseta jogada ao palco minutos antes, com a
inscrição "Bono for President"
(Bono para presidente), e o comentário do vocalista dizendo à
platéia que "esse show não é para
ser assistido pela TV".
Mas, dali por diante, houve diferenças significativas em relação
ao que os 73 mil presentes ao estádio no dia anterior viram: primeiro foi a inserção de "The First Time", que entrou no lugar de "Stuck
In A Moment You Can't Get Out
Of"; depois, a subida ao palco de
Desirê Pedroso, 22, gaúcha de
Passo Fundo. Com presença de
espírito, a garota se apresentou ao
vocalista com a pronúncia de seu
nome em inglês, "desire" (desejo).
Foi a senha para que Bono improvisasse a canção homônima
acompanhado apenas de The Edge ao violão, levando o público ao
delírio.
Houve também uma série de diferenças técnicas que, se não chegaram a prejudicar o show, incomodaram: o som estava levemente mais baixo -curiosamente, o
da banda de abertura, Franz Ferdinand, estava mais alto do que
no dia anterior, quando foi um
problema-, a voz de Bono, mais
cansada e rouca, e havia uma
enorme grua com uma câmera,
bem em frente ao palco, atrapalhando a visão de quem estava à
direita. Segundo a organização do
show, o equipamento foi instalado pela banda, que estava registrando imagens para um possível
documentário. Por fim, a reportagem da Folha viu um ambulante
não-credenciado vendendo cerveja dentro da "hot area" -o que
era proibido. Curiosamente, uma
garota com camiseta da produção
do show, ciente da proibição,
comprou três latas.
Diferenças à parte, as jogadas
para o platéia estavam todas lá: as
frases em português (ontem foi
dia de "oi gente", em vez de "oi galera"), os agradecimentos a Lula
(cuja família estava no estádio) e
ao "nosso novo amigo, Gilberto
Gil", a Declaração dos Direitos
Humanos no telão, a jaqueta com
a bandeira do Brasil, a faixa com
"coexistência" escrito com símbolos do islamismo, judaísmo e cristianismo...
É claro que, para os fãs que lotaram o estádio, repetições não fizeram a menor diferença -o que
importou é que a banda fez o
mesmo show enérgico da noite
anterior, com a mesma mistura
de hits velhos e novos e com a
mesma sonoridade rock n" roll
que caracteriza seus últimos discos. Em suma, duas apresentações muito superiores às que a
banda fez no país em 1998.
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