São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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Fãs divergem sobre as atitudes do cantor

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REPORTAGEM LOCAL

O fã do U2 que foi ao Morumbi sabe que Bono é um "nice guy", o cara legal, mas não compra 100% a imagem de Madre Teresa de Calcutá que muitas vezes se confunde com o cantor.
As declarações de amor ao Brasil e a preocupação social têm uma explicação para alguns admiradores: Bono acredita no que faz, mas também tem consciência de que isso agrega muitos pontos à sua popularidade.
Na opinião de Natalia Ivanoff dos Reis, 20, que veio de Sorocaba (100 km de São Paulo), "com certeza ele [Bono] quer fazer uma média", quando diz que "o U2 é irlandês e Deus é brasileiro". Ela concorda que, na Argentina, o vocalista irá também se desmanchar em elogios ao país vizinho.
Romayne Lima, 18, de Belo Horizonte (MG), diz que Bono tem, sim, um carinho especial para cada país e que nisso reside um "marketing do bem". Sobre o fato de o irlandês ter expressado admiração pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela conta que ficou "um pouco decepcionada", mas acha que o cantor é fã "do homem público, não necessariamente do governo Lula".
Para Larissa Paranhos, 24, o discurso de Bono -que na década de 80 foi muitas vezes classificado de messiânico- tem mais o efeito de atrair a simpatia pela banda. "É muito difícil as pessoas se engajarem [numa causa social] só por causa das músicas ou da posição de uma artista", diz. Já o sergipano Paulo Vasconcelos conta que quis obter mais informações de organizações como o Greenpeace e a Anistia Internacional depois de declarações do cantor.
Questionado se a imagem do U2 e de Bono mudou de algum modo sua opinião sobre temáticas sociais, Claudinei Portilho, 46, que conhece o grupo desde os anos 80, fez sua reflexão em duas palavras: "Sinceramente não".
O U2 saiu às 19h25 de ontem do hotel, na avenida Luiz Carlos Berrini, que foi fechada no sentido Morumbi, onde cerca de 400 pessoas se aglomeraram para ver a banda passar. Apenas o guitarrista The Edge abriu o vidro do carro e acenou para o público.

Chegada
As primeiras horas da chegada do público ao Morumbi foram tranqüilas e sem registros de ocorrências graves, segundo a Polícia Militar. O trânsito nos arredores teve pontos de congestionamento. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou em toda a cidade 113 km de lentidão às 18h13, sendo que a média, para o horário, é de 60 km.
Em relação ao show de segunda, fora do estádio, a diferença esteve mais nítida no trabalho dos cambistas, que se preocupavam mais em comprar sobras de ingressos do que oferecê-los.
Segundo um cambista, havia escassez de entradas ontem pois a organização limitou a compra em quatro unidades. Ele afirma ter notado uma procura maior no segundo dia, "talvez pela exibição do show na TV". Em uma "noite muito boa", o faturamento pode chegar a R$ 2.000, disse ele.


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