|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Teatro recorre ao YouTube para ir além do palco
Site permite assistir a trechos de peças; registro em forma de trailer vira ferramenta de divulgação das companhias
Tornou-se possível rever montagens históricas, rir com esquetes cômicos e ter acesso a montagens em cartaz em outros países
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem viu, viu; quem não viu,
não viu. Essa regra, no teatro,
continua em pé, uma vez que a
arte dos palcos (ainda) pressupõe o encontro entre intérpretes e platéia. Mas alguns profissionais das artes cênicas se deram conta de uma nova possibilidade, uma janela para os curiosos, ao descobrirem que os
registros em vídeo de seus espetáculos não precisavam ir,
necessariamente, para uma estante, uma gaveta ou um baú. E
finalmente chegou o dia em
que também o teatro encontrou o YouTube.
Já é possível rever cenas de
espetáculos importantes, resgatar trechos de montagens
históricas, ter acesso a peças
exibidas em outros países e escolher uma opção no roteiro
teatral depois de assistir a trailers na internet. "A postagem
de vídeos, para nós, tem funcionado muito bem como meio de
divulgação", conta um dos diretores do grupo Os Satyros, Rodolfo García Vázquez. Das peças do grupo em cartaz, é possível assistir a cenas de "Inocência" e "Filosofia na Alcova".
Nesses dois casos, os trechos
postados foram gravados especificamente para o YouTube e
editados de forma a resumir o
espetáculo, em linguagem de
trailer. "Além do acesso espontâneo do usuário da internet, a
gente recomenda a pesquisa no
YouTube para quem nos liga
perguntando como é tal peça,
ou para amigos que estão em
outra cidade e não podem vir a
São Paulo", diz Vázquez.
Assim como as peças do Satyros, é possível encontrar no
YouTube cenas de "Os Sertões"
(no Oficina, com direção de Zé
Celso), de "O Avarento" (peça
de Molière com Paulo Autran e
direção de Felipe Hirsch) e do
musical "Sweet Charity" (com
Claudia Raia e direção de Cláudio Botelho e Charles Möeller).
Mas o maior número de acessos no site coroa uma infinidade de esquetes cômicos interpretados por comediantes de
espetáculos como "Terça Insana", "Humor de Quinta" e
"Nunca se Sábado".
No caso da filmagem dos esquetes cômicos e dos shows de
"stand up comedies", que não
dependem muito de cenografia
e raramente contam com mais
de dois atores em cena, o vídeo
transmite uma noção mais
completa do espetáculo. Em
geral, são postadas apresentações inteiras, em seqüências
que chegam a ter 20 minutos.
Algumas dessas exibições foram colocadas na rede por espectadores que filmaram com
câmeras digitais e celulares.
Ziza Brizola, uma das integrantes do grupo Linhas Aéreas, vê o YouTube ainda como
uma ferramenta estratégica de
divulgação de seu trabalho. "É
como garrafas ao mar, você lança sem saber qual será o retorno, mas pode funcionar", diz.
Câmera-ator
"A obra do videomaker que
trabalha especificamente com
teatro pode ganhar certa independência em relação à obra
filmada depois de colocado na
internet", diz Gabriel Fernandes, jovem de 25 anos que registra os trabalhos do teatro
Oficina. "No meu caso, por
exemplo, o vídeo é feito de dentro da cena. Eu chamo esse trabalho de "câmera-ator". É mais
orgânico, traz uma perspectiva
mais subjetiva", explica.
Por enquanto, a questão da
divulgação ainda é o que motiva
a maior parte da movimentação, mas não toda ela. Para o
ator português Rui Miguel Germano o YouTube permite "ver
um bocadinho daquilo que se
vai fazendo pelo mundo, o que
nos serve para pesquisar novas
formas de fazer teatro".
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Música: Computador aponta plágio de Joyce Hatto Índice
|