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"Joquempô" cria jogos de enigmas
História bem estruturada se passa em 2014 e divide mundo entre "papel", "pedra" e "tesoura"
DIOGO BERCITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A frase "o mundo está dividido entre ... e ...", passível de ser
completada por uma infinidade de termos, serve de esquema para explicar o funcionamento
do mundo no gibi "Joquempô".
Nesse caso, a divisão é entre
aqueles que são "papel" (as pessoas que mudam o mundo com
ideias), "pedra" (a massa) e "tesoura" (os poderes político,
econômico e religioso).
Para quem se lembra do joguinho, o esquema faz o mundo
funcionar mais ou menos assim: formadores de opinião influenciam a massa, que derruba
governos, que podam ideias etc.
Essas engrenagens, que ainda serão mais bem explicadas
no segundo número do gibi
-previsto para junho-, são
parte de um mecanismo complexo planejado pelo autor Rogério Vilela. O projeto inclui 11
temporadas, cada uma com número variável de edições.
A história do gibi, com pitadas de "Lost" e "Jogos Mortais", se passa em 2014, num
mundo em que os países da
América Latina estão em guerra. Ronaldo é treinador da seleção brasileira de futebol e o
PCC se aliou ao governo de SP
para cuidar da população carente. Os protagonistas se envolvem numa série de mistérios e perigos que, como promete a capa do gibi, podem "alterar de forma definitiva o destino de toda a civilização".
Como boa obra de suspense
baseada em enigmas, "Joquempô" pede leitores atentos
e dispostos a voltar para quadros anteriores em busca de detalhes então ignorados.
O roteiro bem estruturado de
Vilela, porém, aliado ao traço
limpo de Nelson Cosentino, garantem que esse esforço de leitura não seja maçante.
Entre os recursos de que lançou mão está, por exemplo, a
grade fixa de nove quadrinhos,
que norteia o ritmo das cenas
de maneira cinematográfica.
A narrativa de Vilela é fruto
de carreira de fôlego. Ele fundou o site de humor "Mundo
Canibal" e a produtora Fábrica
de Quadrinhos. Também foi
desenhista da Marvel e ilustrou
RPGs e jogos de cartas como
"Magic: The Gathering".
O projeto de "Joquempô" é o
mais recente de sua trajetória,
mas surgiu paralelamente aos
demais. Começou há quase dez
anos e chegou a render um romance -engavetado. A ideia foi
acelerada com a chegada dos
R$ 25 mil recebidos da Secretaria de Estado da Cultura de São
Paulo, por meio do Programa
de Ação Cultural de 2008.
Cada arco de histórias da série terá um desenhista diferente. Interessados em fazer parte
podem enviar material pelo e-mail disponível no site fabrica
dequadrinhos.uol.com.br.
JOQUEMPÔ
Autores: Rogério Vilela (história) e
Nelson Cosentino (desenhos)
Editora: Devir
Quanto: R$ 19,50 (56 págs.)
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