São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997.

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CINEMA
Grupo financeiro se associa a empresa carioca, que dispõe de 7.000 filmes, para dominar mercado independente
Icatu e Lumière formam nova distribuidora

JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
especial para a Folha

A maior distribuidora independente de filmes de TV e cinema do país, ou seja, desligada dos grandes estúdios americanos, está nascendo.
Por trás dela, há um catálogo de 7.000 títulos, boa parte deles filmes de arte, e a experiência de um dos maiores grupos financeiros do Brasil. O nome é conhecido: Lumière.
A empresa é resultado da associação, inédita no Brasil, entre a Lumière carioca, no mercado desde 1989, e o grupo Icatu, que controla um dos quatro maiores bancos de investimento, o Icatu, uma grande corretora de seguros, Icatu Hartford, e a maior financeira do país, Fininvest, entre outros negócios.
``É a união da nossa experiência na área de distribuição de filmes com a deles, que são feras da área financeira'', resume Bruno Wainer, 36, diretor-executivo da Lumière. ``Só tem que dar certo.''
Da nova Lumière, a antiga guarda 55% de participação, basicamente formada pelo valor de seu catálogo de filmes.
O Icatu está entrando com 45% do negócio, em dinheiro -mas não revela quanto.
``São dados estratégicos'', diz Luiz Felipe Candiota, 33, gerente de novos negócios do grupo Icatu e responsável pela união com a Lumière.
Consórcio
Essa união prevê, ainda, a formação de um consórcio entre a nova Lumière e dois grupos igualmente fortes: Severiano Ribeiro, o maior exibidor do Brasil, e Europa Vídeo, uma das três maiores distribuidoras independentes de filmes em vídeo.
``A idéia é estar presente em todos os segmentos do negócio'', diz Wainer.
A associação com o grupo Severiano Ribeiro garantirá à nova Lumière o melhor circuito e a melhor data para o lançamento de seus filmes.
Com a Europa, facilitará o lançamento dos filmes em vídeo, que acaba sendo fundamental, no caso do mercado brasileiro, para garantir o retorno do investimento na compra de alguns títulos.
Capitalização
A estratégia de lançamento dos filmes continuará a ser feita pela Lumière, que para isso vai manter a associação com o grupo Marco Aurélio Marcondes. Também a Lumière continuará tratando das negociações com as TVs.
O grupo Icatu entra não só na capitalização da nova empresa, que passa a ter mais dinheiro para investir na compra de novos filmes, como na administração do negócio.
``Nós não entendemos nada de distribuição de filmes, um segmento muito específico e cheio de particularidades. Vamos apenas supervisionar o negócio, que será tocado pela Lumière'', diz Candiota, do grupo Icatu. ``Temos certeza de que estamos num mercado bom, com os sócios certos'', afirma.
`O Paciente Inglês'
O primeiro filme distribuído pela nova Lumière estreou ontem, e em grande estilo. Trata-se de ``O Paciente Inglês'', uma produção americana sem estrelas no elenco, mas que recebeu 12 indicações para o Oscar. Deve encher os cinemas, a julgar pelas críticas, a expectativa e mesmo a trajetória fora do Brasil.
O fato de a Lumière ter comprado os direitos de distribuição do filme há dois anos, quando ele ainda estava no roteiro, impulsionou a associação com o grupo Icatu. ``Foi um exemplo de que eles sabem farejar boas coisas no mundo do cinema'', diz Luiz Felipe Candiota.

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