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CINEMA
Grupo financeiro se associa a empresa carioca, que dispõe de 7.000 filmes, para dominar mercado independente
Icatu e Lumière formam nova distribuidora
JUNIA NOGUEIRA DE SÁ
especial para a Folha
A maior distribuidora independente de filmes de TV e cinema do
país, ou seja, desligada dos grandes estúdios americanos, está nascendo.
Por trás dela, há um catálogo de
7.000 títulos, boa parte deles filmes
de arte, e a experiência de um dos
maiores grupos financeiros do
Brasil. O nome é conhecido: Lumière.
A empresa é resultado da associação, inédita no Brasil, entre a
Lumière carioca, no mercado desde 1989, e o grupo Icatu, que controla um dos quatro maiores bancos de investimento, o Icatu, uma
grande corretora de seguros, Icatu
Hartford, e a maior financeira do
país, Fininvest, entre outros negócios.
``É a união da nossa experiência
na área de distribuição de filmes
com a deles, que são feras da área
financeira'', resume Bruno Wainer, 36, diretor-executivo da Lumière. ``Só tem que dar certo.''
Da nova Lumière, a antiga guarda 55% de participação, basicamente formada pelo valor de seu
catálogo de filmes.
O Icatu está entrando com 45%
do negócio, em dinheiro -mas
não revela quanto.
``São dados estratégicos'', diz
Luiz Felipe Candiota, 33, gerente
de novos negócios do grupo Icatu e
responsável pela união com a Lumière.
Consórcio
Essa união prevê, ainda, a formação de um consórcio entre a
nova Lumière e dois grupos igualmente fortes: Severiano Ribeiro, o
maior exibidor do Brasil, e Europa
Vídeo, uma das três maiores distribuidoras independentes de filmes em vídeo.
``A idéia é estar presente em todos os segmentos do negócio'', diz
Wainer.
A associação com o grupo Severiano Ribeiro garantirá à nova Lumière o melhor circuito e a melhor
data para o lançamento de seus filmes.
Com a Europa, facilitará o lançamento dos filmes em vídeo, que
acaba sendo fundamental, no caso
do mercado brasileiro, para garantir o retorno do investimento na
compra de alguns títulos.
Capitalização
A estratégia de lançamento dos
filmes continuará a ser feita pela
Lumière, que para isso vai manter
a associação com o grupo Marco
Aurélio Marcondes. Também a
Lumière continuará tratando das
negociações com as TVs.
O grupo Icatu entra não só na capitalização da nova empresa, que
passa a ter mais dinheiro para investir na compra de novos filmes,
como na administração do negócio.
``Nós não entendemos nada de
distribuição de filmes, um segmento muito específico e cheio de
particularidades. Vamos apenas
supervisionar o negócio, que será
tocado pela Lumière'', diz Candiota, do grupo Icatu. ``Temos certeza de que estamos num mercado
bom, com os sócios certos'', afirma.
`O Paciente Inglês'
O primeiro filme distribuído pela nova Lumière estreou ontem, e
em grande estilo. Trata-se de ``O
Paciente Inglês'', uma produção
americana sem estrelas no elenco,
mas que recebeu 12 indicações para o Oscar. Deve encher os cinemas, a julgar pelas críticas, a expectativa e mesmo a trajetória fora
do Brasil.
O fato de a Lumière ter comprado os direitos de distribuição do
filme há dois anos, quando ele ainda estava no roteiro, impulsionou
a associação com o grupo Icatu.
``Foi um exemplo de que eles sabem farejar boas coisas no mundo
do cinema'', diz Luiz Felipe Candiota.
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