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LIVRO/CRÍTICA
Jornalista lança jornada turística pela economia chinesa
GILSON SCHWARTZ
ESPECIAL PARA A FOLHA
Se os economistas fossem
mais viajantes e os viajantes,
mais economistas, o mundo seria
melhor. Ou pelo menos os livros,
tanto de economia quanto de turismo, seriam mais interessantes
(o que não seria feito menor).
Cláudia Trevisan, jornalista de
economia com passagens pela Folha, "Valor", "Gazeta Mercantil" e
"Estado", consegue a proeza, com
agilidade e humor, em "China - O
Renascimento do Império".
A orelha do livro é assinada por
Clóvis Rossi, colunista da Folha e
jornalista igualmente viajado nos
temas da economia. O mestre,
aliás, escreveu o texto quando em
viagem, "no exato momento em
que estava cobrindo o Fórum
Econômico Mundial". E adverte:
para os brasileiros, ler este livro "é
uma obrigação, quase um dever
cívico", desde que a corretora
Goldman Sachs inventou a "buzzword" BRIC (Brasil, Rússia, Índia
e China) para designar os mercados emergentes mais promissores
do mundo.
Para não perder o trocadilho, o
livro apresenta ao leitor um "bric-à-brac" da realidade chinesa,
composto pela jornalista com base na vivência de um ano como
correspondente da Folha, em
2004. Mas, como boa jornalista,
Cláudia Trevisan apresenta dados
de dezembro de 2005. Ou seja, o
livro sai do forno com informações atualizadíssimas.
Alguns trechos foram publicados anteriormente na Folha Online, como o divertido relato da ida
a um banheiro na China, de abril
de 2005. O texto flui bem, num ritmo de "corta e cola", muito próximo da linguagem mais contemporânea do zapping ou videoclipe
-imagens e informações sucedem-se em ritmo frenético, viajamos entre temas, lugares, situações. Tudo muito impressionante, ficamos ainda mais perplexos
(e, às vezes, indignados) com a
enormidade chinesa.
O bric-à-brac coleciona curiosidades de valor que, no conjunto,
dão vontade de saber mais. Essa é
a qualidade dos bons guias introdutórios: esclarecem, mas não
suspendem a misteriosa curiosidade do viajante potencial, seja ele
um turista, seja um empresário
interessado, mas inseguro, sobretudo diante da barreira lingüística. A autora oferece dicas preciosas para quem pretende se aventurar sem saber mandarim.
Felizmente, Cláudia Trevisan
evita a futurologia, o maior vício
dos economistas e principalmente dos especialistas em China, incansáveis arautos da potência
emergente que em breve (para
quem pensa na escala do tempo
chinês isso significa "em poucas
décadas") viria a superar os Estados Unidos como potência hegemônica global. O livro não deixa
de fora nenhum dos principais
desequilíbrios sociais, econômicos, políticos e culturais da China
contemporânea. Reconhece a potência do século 21 sem perder o
senso crítico tão raro em boletins
financeiros e guias de turismo.
Para o leitor brasileiro, especialista em economia ou apenas "cidadão comum", a obra é uma
oportunidade rara de viajar sem
tirar os pés do chão.
Gilson Schwartz, 46, é professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e diretor da Cidade do Conhecimento
China - O Renascimento do Império
Autora: Cláudia Trevisan
Editora: Planeta
Lançamento: hoje, a partir das 18h30
na Livraria Cultura do Conjunto Nacional
(av. Paulista, 2.073, São Paulo, tel. 0/xx/11/3170-4033)
Quanto: R$ 32,50 (240 págs.)
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