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Ex-mulher nega fase "deprê" de Lennon
May Pang, que viveu com o Beatle entre 1973 e 1975, publica imagens para acabar com o mito do "fim de semana perdido"
"Instamatic Karma", lançado no exterior, mostra Lennon descontraído e feliz, ao lado do filho Julian e com amigos como McCartney e Ringo
ALLAN KOZINN
DO "NEW YORK TIMES"
Se existe uma coisa que May
Pang vem combatendo há 28
anos é a idéia de que John Lennon estava deprimido, isolado
ou fora de controle durante os
18 meses em que ela viveu com
ele, de meados de 1973 até o início de 1975, quando ele se reconciliou com sua segunda mulher, Yoko Ono.
O próprio Lennon fomentou
essa percepção ao referir-se a
esse período como seu "fim de
semana perdido" em entrevistas que concedeu em 1980,
quando lançou "Double Fantasy", álbum criado em conjunto com Yoko Ono que representou sua volta à criação musical,
após cinco anos de silêncio.
E as histórias escabrosas, repetidas com freqüência, sobre
Lennon, bêbado, sendo expulso
do Troubadour, uma boate em
Los Angeles, pareciam confirmar essa imagem.
Mas para May Pang, que hoje
tem 57 anos, o "fim de semana
perdido" foi uma fase de grande
produtividade durante a qual
Lennon completou três álbuns
-"Mind Games", "Walls and
Bridges" e "Rock'n'Roll"-, produziu álbuns para Ringo Starr e
Harry Nilsson e gravou com
Bowie, Jagger e Elton John.
Já tendo detalhado essas experiências (além de outros momentos sombrios) em seu livro
de memórias "Loving John"
(1983), Pang volta à tona com as
provas fotográficas do que contou. Sua nova obra, "Instamatic
Karma" (St. Martin's Press, disponível na Amazon.com), é
uma coletânea de 140 páginas
de fotos casuais feitas durante
seu tempo com Lennon.
Caixa de sapatos
Com a exceção de algumas
poucas delas publicadas em
"Loving John" -reduzidas e
em preto-e-branco, mas, no livro atual, em sua maioria impressas em cores encorpadas-,
ela até agora as mantivera guardadas numa caixa de sapatos
dentro de seu guarda-roupa,
apenas ocasionalmente tirando-as do lugar para mostrar a
seus amigos.
"Comecei a pensar em publicá-las apenas nos últimos dois
anos", disse Pang, no escritório
de seu publisher, no edifício
Flatiron. "Uma amiga minha
me dizia: "Você conta essas histórias sobre John e fala "espere
aí, tenho uma foto que acompanha isso!". Mas por que nunca
vimos essas fotos num livro?".
Então achei que talvez fosse
hora de divulgá-las. Com isso,
as pessoas poderiam ver John
naquele mundo, através dos
meus olhos. E isso acabaria
com aquela coisa toda do "fim
de semana perdido", em que todo o mundo diz que ele estava
sempre deprimido e com a cara
péssima. Acho que essas fotos
não passam essa impressão."
É verdade. Nas páginas de
"Instamatic Karma" -o título é
um trocadilho com o da canção
"Instant Karma", de Lennon-,
Lennon aparece descontraído e
feliz, passando tempo com seu
primeiro filho, Julian, e também com alguns amigos famosos, entre eles Paul McCartney,
Ringo Starr e Keith Moon.
Ele é mostrado trabalhando
no estúdio de gravação, nadando no estreito de Long Island,
brincando no Central Park e visitando o Disneyworld.
Pang organizou seu livro por
tema, em vez de ordem cronológica, com quatro capítulos intitulados "Em Casa", "Brincando", "Trabalhando" e "Longe".
Infelizmente, como ela própria lamenta, Pang deixou de
registrar alguns momentos famosos -por exemplo, a jam
session de 28 de março de 1974
em Los Angeles, que incluiu
Lennon, Nilsson, McCartney e
Stevie Wonder.
Tradução de Clara Allain
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