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Shows raros de Maria Bethânia caem na internet
Registros não-oficiais de apresentações da cantora feitas desde os anos 70 estão disponíveis em blog e no Orkut
Material inclui música nunca gravada em disco e "Rosa dos Ventos", de 1971, um dos espetáculos mais importantes da MPB
MARCUS PRETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"É muito raro acontecer de,
em uma sexta-feira, eu cantar
uma música de fora do repertório de cena. Porque normalmente o público de sexta-feira
é muito sério, e me exige uma
elegância. E eu gosto que ele me
exija isso porque me sinto elegante. Acontece que meu irmão, Rodrigo, ele é apaixonado
por uma música. E tem uma
pessoa gravando o show para
ele. Ele me pediu para cantar,
para incluir nessa gravação que
vai ter, uma música que adora.
Com licença."
A esse texto, dito em show
nos anos 70, Maria Bethânia
emendou "O Ciclone" (de Adelino Moreira), samba-canção
que jamais gravaria em disco.
Se Rodrigo ficou feliz com o
presente "exclusivo" que ganhou da irmã naquela sexta,
muitos fãs da cantora andam
sentindo emoção parecida.
A faixa está entre as muitas
raridades que caíram na internet recentemente, incluindo
Maria Bethânia no universo
dos bootlegs -gravações não-oficiais de shows que circulam
entre fãs.
Estão lá versões integrais dos
históricos "Drama" (1973),
"Pássaro da Manhã" (1977),
"Maria Bethânia" (1979, referente ao álbum "Álibi"), "Estranha Forma de Vida" (1981), "A
Hora da Estrela" (1984) e "Dadaya - As Sete Moradas" (1989),
num total de 17 apresentações
da cantora que podem ser baixadas pelo blog (Re)Verso (ma
riabethaniareverso.blogs
pot.com) ou pela comunidade
homônima no Orkut.
A qualidade das gravações
varia. As melhores são as captadas diretamente na mesa de
som, como "Mel" (1980) e "Rosa dos Ventos" (1971). A versão
bootleg desta última, um dos
espetáculos mais importantes
da história da MPB, tem mais
do dobro do repertório lançado
no LP oficial. Descobre-se que
o set incluía até "Vapor Barato", a mítica canção de Jards
Macalé e Waly Salomão que
Gal Costa levava em seu show
"Fa-Tal" naquele mesmo ano.
Em outros casos, como em
"Maria" (1988), a qualidade do
som é mais precária e nota-se
nitidamente que a captação foi
feita na base do gravadorzinho
no colo. Mas servem bem como
documento do espetáculo.
Os cariocas Magno Santos,
30, e Eduardo Lott, 28, dois dos
seis donos do (Re)Verso, afirmam que esse material chegou
a eles pelas mãos de outros fãs
de Bethânia. Mas dizem não ter
ideia de quem fez as gravações.
"Nossa função é partilhar essas
músicas sem nos importarmos
com quem as registrou", dizem
em e-mail conjunto enviado à
reportagem da Folha.
Por meio de sua assessoria
de imprensa, a cantora afirma
que não acessa comunidades e
blogs dedicados a ela. Mas não
se incomoda em saber que esse
material está disponível na internet, já que se trata de compartilhamento sem intenções
comerciais.
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