PASQUALE CIPRO NETO
COLUNISTA DA FOLHA

"Ei! Al Capone / Vê se te emenda / Já sabem do teu furo, nego / No Imposto de Renda."
Al Capone não é só personagem da música de Raul Seixas e Paulo Coelho. O supermegabandido existiu mesmo -e foi parar em Alcatraz, em 1931, por obra de Eliot Ness, líder do grupo chamado de "Os Intocáveis" ("The Untouchables"). Ness pôs Capone no xilindró -não pela coleção de assassinatos do mafioso et caterva, mas por problemas com o fisco.
Em 1957, Oscar Fraley e Eliot Ness publicaram em livro a saga do grupo. O casal Desilu (Desi Arnaz e Lucille Ball, da antológica série "I Love Lucy") pôs o livro na tevê. Foram 118 episódios, exibidos (todos?) na tevê brasileira na década de 60.
Quando, em 1987/8 (movida pelo sucesso da versão para o cinema de Brian de Palma), a Globo exibiu alguns dos capítulos do seriado, gravei tudo no videocassete. Devo ter visto alguns dos episódios na década de 60, porque, quando a mágica trilha sonora de Nelson Riddle adentrava minha sala, sentia que aquilo já estava nos meus ouvidos. A Globo exibia os episódios nas noites de domingo.
Um belo dia... Adeus! A série saiu do ar. Anos mais tarde, a TV Gazeta reexibiu (sem regularidade) alguns dos episódios, de modo que...
De modo que só me restou a espera da série em DVD, lançada (ufa!) em 2008, com 14 episódios, além da versão integral de "Scarface e a Máfia", pontapé inicial do seriado. Agora, a Paramount lança mais uma leva (16), sem os (poucos) caprichos da primeira caixa (faltam as datas originais de exibição dos episódios). Nas duas caixas, falta a ficha técnica de cada episódio e falta, sobretudo, uma versão dublada.
Entre os episódios da nova caixa, destaca-se "A História de Rusty Heller". A pilantrinha Rusty se envolve com dois gângsteres, jogando um contra o outro e tentando lucrar com os dois. Sabe quem vive o papel de Rusty? Ninguém menos do que a dulcíssima Elizabeth Montgomery. Sim, a impagável "Feiticeira", que, em "A História...", mistura um tanto de doçura com outro de irresistível e quase ingênua lascívia. Uma delícia! E sabe quem é um dos gângsteres que ela achaca?
Ninguém menos do que David White, que, em "A Feiticeira", vive o abobalhado Larry Tate, patrão de James, marido de...
De Elizabeth, digo, de Samantha, a Feiticeira. Nesta caixa, mantém-se a excepcional fotografia (histórica nesse tipo de produção) e a incrível coleção de brilhantes atores que interpretam grandes canalhas. É impressionante como os canalhas têm -todos- cara de canalhas (muitos deles lembram figuras que conhecemos muito bem e que detestariam que surgisse por aqui um Eliot Ness).
Vários dos episódios que gravei em VHS ainda não estão nos DVDs, de modo que já estou a esperar a próxima caixa. Quando será, Paramount? É isso.