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Próximo domingo terá DVD de "Casablanca"
Filme de 1942 é o segundo volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema
Produzido sem grandes expectativas de retorno, filme estrelado por Ingrid Bergman e Humphrey Bogart foi fenômeno de público
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao contrário de "...E o Vento
Levou", superprodução concebida para se tornar um clássico
instantâneo, "Casablanca" era
apenas mais um entre os 50
lançamentos anuais da Warner
quando estreou nos cinemas
americanos, em novembro de
1942. Rapidamente abraçado
pelo público e pela crítica, o filme acabou se transformando
em um fenômeno raro, que não
esmaeceu com o tempo.
"Casablanca", que foi produzido pela Warner e dirigido por
Michael Curtiz, é o segundo volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, disponível nas
bancas a partir do próximo domingo, 29 de março.
Não é difícil compreender o
entusiasmo do público na época. Os dois atores principais,
muito populares, nunca haviam contracenado, e suas
"personas" cinematográficas se
entenderam às maravilhas.
O roteiro ágil contava uma
história atualíssima, que tinha
como pano de fundo uma Segunda Guerra em pleno curso.
Tratava-se, enfim, de um filme
urgente, que atendia aos anseios de seu tempo.
Até hoje "Casablanca" é capaz de arrancar suspiros, principalmente quando soam os
acordes de "As Time Goes By",
tema romântico do filme. O que
há nele de tão perene? Antes de
tudo, o romance. Seu triângulo
amoroso tornou-se um modelo
reproduzido ao infinito.
Apesar das evidentes raízes
melodramáticas, não se trata
de um romance convencional.
Ilsa (Ingrid Bergman) está dividida entre dois homens. O marido, Victor (Paul Henreid),
com quem vive um amor sincero, nutrido por valores e convicções; e o amante, Rick Blaine
(Humphrey Bogart), por quem
sente uma paixão mais concreta, carnal. Toda a trama caminha para a resolução do dilema.
Com quem ela deve ficar?
"Casablanca" foi um projeto
desenvolvido por Hal B. Wallis,
braço direito de Jack Warner, o
chefão da Warner.
O roteiro é uma adaptação da
peça de teatro "Everybody Comes to Rick's", que nunca foi
montada. O texto é inspirado
nas experiências pessoais de
seu autor, Murray Burnett, em
uma viagem pela Europa,
em 1938.
Guerra no set
Wallis entregou o roteiro aos
gêmeos Julius e Philip Epstein
e, mais tarde, chamou Howard
Koch para trabalhar os elementos políticos da trama. Um
quarto roteirista, não creditado
(Casey Robinson), foi chamado
para melhorar os encontros entre Rick e Ilsa.
Howard Koch e o diretor, Michael Curtiz, não conseguiam
se entender. Contra a vontade
de Koch, Curtiz queria investir
no romance, mas, como o próprio roteirista admitiu depois,
"talvez tenha sido a guerra que
se estabeleceu entre nós que
deu ao filme certo equilíbrio".
Durante as filmagens, o roteiro era alterado todos os dias,
para desespero dos atores.
Consta que Ingrid Bergman
aceitou fazer o filme por questões contratuais. Ela estaria entusiasmada com seu projeto seguinte, uma adaptação do livro
de Hemingway "Por Quem os
Sinos Dobram". Bergman nunca teria se conformado por ser
lembrada por "Casablanca" e
não pelo papel mais "nobre" de
seu filme seguinte, que praticamente caiu no esquecimento.
Hoje, "Casablanca" é considerado um dos roteiros mais
perfeitos de Hollywood. Várias
frases do filme ainda são lembradas, como "We'll always have Paris" (sempre teremos Paris) ou "Louis, I think this is the
beginning of a beautiful
friendship" (Acho que esse é o
começo de uma bela amizade).
Curiosamente, "Play it again,
Sam" (toque de novo, Sam), a
frase mais lembrada, por ter se
tornado o título de um filme de
Herbert Ross, escrito e estrelado por Woody Allen, em 1972,
na verdade não é pronunciada.
A frase verdadeira é, simplesmente, "Play it, Sam. For old times" sake" (Toque, Sam. Pelos
velhos tempos).
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