São Paulo, domingo, 22 de março de 2009

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Próximo domingo terá DVD de "Casablanca"

Filme de 1942 é o segundo volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema

Produzido sem grandes expectativas de retorno, filme estrelado por Ingrid Bergman e Humphrey Bogart foi fenômeno de público


DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário de "...E o Vento Levou", superprodução concebida para se tornar um clássico instantâneo, "Casablanca" era apenas mais um entre os 50 lançamentos anuais da Warner quando estreou nos cinemas americanos, em novembro de 1942. Rapidamente abraçado pelo público e pela crítica, o filme acabou se transformando em um fenômeno raro, que não esmaeceu com o tempo.
"Casablanca", que foi produzido pela Warner e dirigido por Michael Curtiz, é o segundo volume da Coleção Folha Clássicos do Cinema, disponível nas bancas a partir do próximo domingo, 29 de março.
Não é difícil compreender o entusiasmo do público na época. Os dois atores principais, muito populares, nunca haviam contracenado, e suas "personas" cinematográficas se entenderam às maravilhas.
O roteiro ágil contava uma história atualíssima, que tinha como pano de fundo uma Segunda Guerra em pleno curso. Tratava-se, enfim, de um filme urgente, que atendia aos anseios de seu tempo.
Até hoje "Casablanca" é capaz de arrancar suspiros, principalmente quando soam os acordes de "As Time Goes By", tema romântico do filme. O que há nele de tão perene? Antes de tudo, o romance. Seu triângulo amoroso tornou-se um modelo reproduzido ao infinito.
Apesar das evidentes raízes melodramáticas, não se trata de um romance convencional. Ilsa (Ingrid Bergman) está dividida entre dois homens. O marido, Victor (Paul Henreid), com quem vive um amor sincero, nutrido por valores e convicções; e o amante, Rick Blaine (Humphrey Bogart), por quem sente uma paixão mais concreta, carnal. Toda a trama caminha para a resolução do dilema. Com quem ela deve ficar?
"Casablanca" foi um projeto desenvolvido por Hal B. Wallis, braço direito de Jack Warner, o chefão da Warner.
O roteiro é uma adaptação da peça de teatro "Everybody Comes to Rick's", que nunca foi montada. O texto é inspirado nas experiências pessoais de seu autor, Murray Burnett, em uma viagem pela Europa, em 1938.

Guerra no set
Wallis entregou o roteiro aos gêmeos Julius e Philip Epstein e, mais tarde, chamou Howard Koch para trabalhar os elementos políticos da trama. Um quarto roteirista, não creditado (Casey Robinson), foi chamado para melhorar os encontros entre Rick e Ilsa.
Howard Koch e o diretor, Michael Curtiz, não conseguiam se entender. Contra a vontade de Koch, Curtiz queria investir no romance, mas, como o próprio roteirista admitiu depois, "talvez tenha sido a guerra que se estabeleceu entre nós que deu ao filme certo equilíbrio".
Durante as filmagens, o roteiro era alterado todos os dias, para desespero dos atores. Consta que Ingrid Bergman aceitou fazer o filme por questões contratuais. Ela estaria entusiasmada com seu projeto seguinte, uma adaptação do livro de Hemingway "Por Quem os Sinos Dobram". Bergman nunca teria se conformado por ser lembrada por "Casablanca" e não pelo papel mais "nobre" de seu filme seguinte, que praticamente caiu no esquecimento.
Hoje, "Casablanca" é considerado um dos roteiros mais perfeitos de Hollywood. Várias frases do filme ainda são lembradas, como "We'll always have Paris" (sempre teremos Paris) ou "Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship" (Acho que esse é o começo de uma bela amizade).
Curiosamente, "Play it again, Sam" (toque de novo, Sam), a frase mais lembrada, por ter se tornado o título de um filme de Herbert Ross, escrito e estrelado por Woody Allen, em 1972, na verdade não é pronunciada. A frase verdadeira é, simplesmente, "Play it, Sam. For old times" sake" (Toque, Sam. Pelos velhos tempos).


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