São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

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Artistas denunciam censura e intervenção policial

DO ENVIADO A CHARJAH E DUBAI

Enquanto os curadores anunciavam a abertura oficial da Bienal de Charjah, há uma semana, circulava um e-mail do artista Caveh Zahedi acusando de censura a fundação que organiza a mostra.
Na inauguração da mostra para autoridades, momento em que os xeques cruzam o tapete vermelho para entrar no museu, artistas que protestavam contra a morte de manifestantes no Bahrein foram parados pela polícia.
Um deles, o paquistanês Ibrahim Quraishi, chegou a ser preso e foi interrogado por cinco horas por segurar cartazes com os nomes dos sete mortos na ação que envolveu soldados dos Emirados Árabes Unidos.
"Eles me perguntaram por que eu estava querendo perturbar a ordem", disse Quraishi à Folha. "Também insinuaram que eu tinha ligações com planos terroristas."
Mesmo que essa décima edição da Bienal de Charjah tenha sido dedicada pelos curadores aos "ventos de mudança" que sopram na região, permanece hostil o ambiente para a liberdade de expressão no país.
No caso de Zahedi, nome que foi cortado de última hora do programa de filmes da mostra, a direção da Fundação de Arte de Charjah disse que o artista não havia respeitado o contrato firmado.
Segundo Jack Persekian, diretor da fundação, Zahedi retratou funcionários da Bienal de forma negativa em seu filme, de forma que os que aparecem não autorizaram o uso da imagem.
"Ele sugeriu reeditar o vídeo, mas isso foi há alguns dias, já não era possível", disse Persekian.
Haig Aivazian, curador-adjunto da Bienal, disse que o filme fazia um retrato raso de questões locais. "Fiquei na posição incômoda de censor", disse Aivazian. "Mas essa era uma obra limitada e desrespeitosa."
Também houve problemas com uma obra do artista marroquino Mounir Fatmi, num dos estandes da feira Art Dubai, que acontece em paralelo à Bienal de Charjah.
Numa instalação com bandeiras dos 22 países da Liga Árabe, ele pôs vassouras sob os símbolos nacionais da Líbia e do Egito. Por ordem dos xeques, elas foram retiradas da peça por simbolizarem uma mensagem indesejável ao governo. (SM)


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