São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 2002

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ABRIL PRO ROCK

RETROSPECTIVA

Segundo o guitarrista Mark Collins, grupo inglês deve revisitar toda a sua carreira durante show de hoje
Doze anos de Charlatans chegam a SP

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Um breve resumo da trajetória do Charlatans: ao longo de 12 anos, a banda produziu sete bons discos e um currículo que inclui tragédias como a morte de um de seus integrantes, alcoolismo, consumo de drogas, problemas financeiros, atritos com a imprensa... Com esse perfil para lá de roqueiro, os ingleses tocam hoje à noite em São Paulo.
Ontem, eles se apresentaram em Recife, também dentro da programação que comemora dez anos de Abril pro Rock.
O preço salgado do ingresso -R$ 70 na bilheteria- deve valer a pena. Como nunca estiveram no Brasil, a banda pode fazer um longo show, com músicas cobrindo várias fases da carreira. "The Only One I Know", hino do começo dos 90, talvez esteja presente.
"Não seria justo tocar só as músicas de "Wonderland", como temos feito na Europa", adiantou à Folha o guitarrista Mark Collins, 36, referindo-se à turnê do disco mais recente, lançado em 2001.
O músico, que deu entrevista por telefone, de sua casa, em Manchester, disse que tocar ao vivo ainda é "o" grande momento para a banda. "Pode avisar aí que estamos velhos, mas estamos longe de tocar em cadeiras de rodas."
Leia, a seguir, a entrevista.

Folha - Vocês nunca tocaram na América do Sul... O que esperam encontrar no Brasil?
Mark Collins -
O que esperar do Brasil? Não tenho a menor idéia, mas sei que estou muito ansioso. Estamos tentando tocar aí há alguns anos, sei que temos fãs brasileiros. Mas não sei, nunca conversei com alguém que tivesse tocado aí... Mas estamos torcendo para que faça calor ou pelo menos um tempo melhor do que o que está fazendo aqui em Manchester.

Folha - Depois de turbulências ao longo da carreira, vocês lançaram em 2001 "Wonderland", o sétimo disco. O álbum rendeu ótimas críticas, vocês foram chamados para os festivais importantes da Europa. O sucesso agora tem sabor diferente?
Collins -
O ano passado foi realmente um dos melhores anos para nós. Fizemos pela primeira vez shows em estádios, na Escócia, em Londres, em Manchester. E todos lotados, o que significa que em cada um havia umas 50 mil pessoas para nos ver. Uma coisa é você tocar num festival e falar: "Tocamos para 50 mil". Outra coisa é tocar para 50 mil que foram lá só para te ver. E "Wonderland" foi bem de crítica, apesar de não crer que isso influencie na popularidade de um disco.

Folha - Foi uma vingança depois de tantos altos e baixos?
Collins -
De certa forma, sim. Passamos por períodos estranhos. Fomos roubados por nosso contador, todo mundo conhece essa história. Enfrentamos alguns problemas de saúde, bebedeiras. Acho que foi uma volta por cima. E tudo isso começou no período das gravações, em Los Angeles. Acho que a cidade deu uma boa "vibe" para o disco, tirou um pouco da nuvem que tinha sobre nós.

Folha - O show vai ser baseado em "Wonderland"?
Collins -
A gente não vai tocar só coisas do novo disco, vamos fazer um retrospecto da nossa carreira. Pode avisar aí que estamos velhos, mas estamos longe de tocar em cadeira de rodas. Tocaremos muito rock, nosso show não deixa ninguém com os pés no chão.

Folha - Vocês tocarão no mesmo festival que Stephen Malkmus e The Mission? O que acha?
Collins -
Tem um pouco de tudo, né? O Mission é um gótico da antiga... legal. E o Malkmus era do Pavement, acho bom. Sei lá, a gente vai querer ver os shows..., mas principalmente queremos conhecer uns lugares bacanas.


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