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ABRIL PRO ROCK
RETROSPECTIVA
Segundo o guitarrista Mark Collins, grupo inglês deve revisitar toda a sua carreira durante show de hoje
Doze anos de Charlatans chegam a SP
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Um breve resumo da trajetória
do Charlatans: ao longo de 12
anos, a banda produziu sete bons
discos e um currículo que inclui
tragédias como a morte de um de
seus integrantes, alcoolismo, consumo de drogas, problemas financeiros, atritos com a imprensa... Com esse perfil para lá de roqueiro, os ingleses tocam hoje à
noite em São Paulo.
Ontem, eles se apresentaram
em Recife, também dentro da
programação que comemora dez
anos de Abril pro Rock.
O preço salgado do ingresso
-R$ 70 na bilheteria- deve valer a pena. Como nunca estiveram
no Brasil, a banda pode fazer um
longo show, com músicas cobrindo várias fases da carreira. "The
Only One I Know", hino do começo dos 90, talvez esteja presente.
"Não seria justo tocar só as músicas de "Wonderland", como temos feito na Europa", adiantou à
Folha o guitarrista Mark Collins,
36, referindo-se à turnê do disco
mais recente, lançado em 2001.
O músico, que deu entrevista
por telefone, de sua casa, em
Manchester, disse que tocar ao vivo ainda é "o" grande momento
para a banda. "Pode avisar aí que
estamos velhos, mas estamos longe de tocar em cadeiras de rodas."
Leia, a seguir, a entrevista.
Folha - Vocês nunca tocaram na
América do Sul... O que esperam
encontrar no Brasil?
Mark Collins - O que esperar do
Brasil? Não tenho a menor idéia,
mas sei que estou muito ansioso.
Estamos tentando tocar aí há alguns anos, sei que temos fãs brasileiros. Mas não sei, nunca conversei com alguém que tivesse tocado
aí... Mas estamos torcendo para
que faça calor ou pelo menos um
tempo melhor do que o que está
fazendo aqui em Manchester.
Folha - Depois de turbulências ao
longo da carreira, vocês lançaram
em 2001 "Wonderland", o sétimo
disco. O álbum rendeu ótimas críticas, vocês foram chamados para os
festivais importantes da Europa. O
sucesso agora tem sabor diferente?
Collins - O ano passado foi realmente um dos melhores anos para nós. Fizemos pela primeira vez
shows em estádios, na Escócia,
em Londres, em Manchester. E
todos lotados, o que significa que
em cada um havia umas 50 mil
pessoas para nos ver. Uma coisa é
você tocar num festival e falar:
"Tocamos para 50 mil". Outra
coisa é tocar para 50 mil que foram lá só para te ver. E "Wonderland" foi bem de crítica, apesar de
não crer que isso influencie na popularidade de um disco.
Folha - Foi uma vingança depois
de tantos altos e baixos?
Collins - De certa forma, sim.
Passamos por períodos estranhos. Fomos roubados por nosso
contador, todo mundo conhece
essa história. Enfrentamos alguns
problemas de saúde, bebedeiras.
Acho que foi uma volta por cima.
E tudo isso começou no período
das gravações, em Los Angeles.
Acho que a cidade deu uma boa
"vibe" para o disco, tirou um pouco da nuvem que tinha sobre nós.
Folha - O show vai ser baseado
em "Wonderland"?
Collins - A gente não vai tocar só
coisas do novo disco, vamos fazer
um retrospecto da nossa carreira.
Pode avisar aí que estamos velhos,
mas estamos longe de tocar em
cadeira de rodas. Tocaremos
muito rock, nosso show não deixa
ninguém com os pés no chão.
Folha - Vocês tocarão no mesmo
festival que Stephen Malkmus e
The Mission? O que acha?
Collins - Tem um pouco de tudo,
né? O Mission é um gótico da antiga... legal. E o Malkmus era do
Pavement, acho bom. Sei lá, a
gente vai querer ver os shows...,
mas principalmente queremos
conhecer uns lugares bacanas.
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