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POPLOAD
O papa vs. esta coluna
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
O tema "O Diabo É o Pai do
Rock" volta a ser discutido,
seja no Vaticano ou num estúdio
caseiro de Detroit. Enquanto da
cidade americana vem o anúncio
de que o próximo álbum do White Stripes vai ter Satã no título,
exorcismo no tema e diabolices
no som, o novo papa assume e
traz consigo a crença de que rock
e pop são "cultos profanos". Ou,
colocando melhor, "distrações
profanas para a fé cristã".
Já estão dizendo. O livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", assinado pelo alemão Joseph Ratzinger, hoje o papa Bento 16, não
deixa dúvidas: "Esses ritmos são
uma expressão básica das paixões
que, em grandes platéias, pode assumir características de culto ou
até de adoração, contrários ao
cristianismo", acredita a santidade. "Liberar o homem por meio
de um fenômeno de massa, marcado pelo ritmo, o barulho e por
efeitos de luz é falsidade."
Longe de tal discussão, o White
Stripes prepara a bagagem para
trazer seu show barulhento, marcado por muito ritmo e com algum efeito de luz para o começo
de junho, no Brasil.
Para ajudar, a banda tem a intenção de gravar um clipe pela
América do Sul, que pode ser no
Amazonas ou no jesuítico solo
das Missões (na parte Argentina),
onde a banda programou uma de
suas apresentações. O clipe deve
ser da música "Blue Orchid", o
primeiro single do novo disco, cuja letra versa sobre o "vade retro".
Oh my God
Os britânicos do Kaiser Chiefs,
há muito a banda novíssima favorita desta coluna, está criando assustadoras asas no mercado americano, dado o seu tamanho indie.
Por conta do lançamento de seu
primeiro álbum, o ótimo "Employment", que entre os vários
pequenos hits carrega a música
"Oh My God", o grupo conseguiu
bom espaço nas revistas, ganhou
a fama de melhor atração do último festival South by Southwest
(Texas) e viu sua canção "I Predict
a Riot" atingir o posto de mais pedida da rádio KROQ, de Los Angeles. Mais: é a declarada "banda
nova predileta" de sir Paul
McCartney e de Damon Albarn
(Blur). Mais: seu vocalista, Ricky
Wilson, que reproduz com a garganta o melhor do punk inglês 77,
é candidato a novo galã do pop.
Quando se imagina que a coisa
não pode piorar... O complicado
garoto inglês Peter Doherty, ex-Libertines, atual Babyshambles,
namorado de Kate Moss e freqüentador assíduo de clínicas de
reabilitação e páginas policiais,
confessou ter feito carreira vendendo drogas, cobrando 20 libras
por entrega. Revelou também ter
servido sexualmente velhas senhoras inglesas. Tudo isso está no
livro "Kids in the Riot", que acaba
de chegar às livrarias britânicas.
Pecado
Algumas músicas dos CDs mais
aguardados do ano no rock, que
serão lançados nos próximos meses, já estão correndo em alta velocidade em formato MP3.
Só do próximo do Oásis, "Don't
Believe the Truth", previsto para
30 de maio, já vazaram quatro
canções, além da já bem distribuída "Lyla", o single. São encontráveis as belas "The Meaning of
Soul", "Let There Be Love", "Keep
the Dream Alive" e "Mucky Fingers", esta última a coisa mais parecida com Velvet Underground
desde que ele acabou.
Gula (ou não-gula)
Parece que consta do contrato
de shows do Placebo no Brasil
uma linha que diz claramente que
a banda não aceita comer carne
de cobra ou de macaco.
@ - lucio@uol.com.br
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