São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2005

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POPLOAD

O papa vs. esta coluna

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

O tema "O Diabo É o Pai do Rock" volta a ser discutido, seja no Vaticano ou num estúdio caseiro de Detroit. Enquanto da cidade americana vem o anúncio de que o próximo álbum do White Stripes vai ter Satã no título, exorcismo no tema e diabolices no som, o novo papa assume e traz consigo a crença de que rock e pop são "cultos profanos". Ou, colocando melhor, "distrações profanas para a fé cristã".
Já estão dizendo. O livro "Introdução ao Espírito da Liturgia", assinado pelo alemão Joseph Ratzinger, hoje o papa Bento 16, não deixa dúvidas: "Esses ritmos são uma expressão básica das paixões que, em grandes platéias, pode assumir características de culto ou até de adoração, contrários ao cristianismo", acredita a santidade. "Liberar o homem por meio de um fenômeno de massa, marcado pelo ritmo, o barulho e por efeitos de luz é falsidade."
Longe de tal discussão, o White Stripes prepara a bagagem para trazer seu show barulhento, marcado por muito ritmo e com algum efeito de luz para o começo de junho, no Brasil.
Para ajudar, a banda tem a intenção de gravar um clipe pela América do Sul, que pode ser no Amazonas ou no jesuítico solo das Missões (na parte Argentina), onde a banda programou uma de suas apresentações. O clipe deve ser da música "Blue Orchid", o primeiro single do novo disco, cuja letra versa sobre o "vade retro".

Oh my God
Os britânicos do Kaiser Chiefs, há muito a banda novíssima favorita desta coluna, está criando assustadoras asas no mercado americano, dado o seu tamanho indie.
Por conta do lançamento de seu primeiro álbum, o ótimo "Employment", que entre os vários pequenos hits carrega a música "Oh My God", o grupo conseguiu bom espaço nas revistas, ganhou a fama de melhor atração do último festival South by Southwest (Texas) e viu sua canção "I Predict a Riot" atingir o posto de mais pedida da rádio KROQ, de Los Angeles. Mais: é a declarada "banda nova predileta" de sir Paul McCartney e de Damon Albarn (Blur). Mais: seu vocalista, Ricky Wilson, que reproduz com a garganta o melhor do punk inglês 77, é candidato a novo galã do pop.
Quando se imagina que a coisa não pode piorar... O complicado garoto inglês Peter Doherty, ex-Libertines, atual Babyshambles, namorado de Kate Moss e freqüentador assíduo de clínicas de reabilitação e páginas policiais, confessou ter feito carreira vendendo drogas, cobrando 20 libras por entrega. Revelou também ter servido sexualmente velhas senhoras inglesas. Tudo isso está no livro "Kids in the Riot", que acaba de chegar às livrarias britânicas.

Pecado
Algumas músicas dos CDs mais aguardados do ano no rock, que serão lançados nos próximos meses, já estão correndo em alta velocidade em formato MP3.
Só do próximo do Oásis, "Don't Believe the Truth", previsto para 30 de maio, já vazaram quatro canções, além da já bem distribuída "Lyla", o single. São encontráveis as belas "The Meaning of Soul", "Let There Be Love", "Keep the Dream Alive" e "Mucky Fingers", esta última a coisa mais parecida com Velvet Underground desde que ele acabou.

Gula (ou não-gula)
Parece que consta do contrato de shows do Placebo no Brasil uma linha que diz claramente que a banda não aceita comer carne de cobra ou de macaco.


@ - lucio@uol.com.br

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