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Futurista, MIS do RJ olha para
o passado
Novo museu foca em maior público, interatividade e no legado cultural carioca
Operação é orçada em R$ 76,5 milhões; instituição terá prédio em Copacabana e Carmen Miranda como principal personagem
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
A arquitetura e os recursos
tecnológicos apontam para o
futuro, mas o novo Museu da
Imagem e do Som carioca cumprirá uma missão do passado
após sua inauguração, planejada para novembro de 2012.
Embora seja um grande centro de documentação, o MIS
não conseguiu realizar de modo constante e consistente
duas tarefas que tinha em 3 de
setembro de 1965, quando o então governador da Guanabara,
Carlos Lacerda, abriu suas portas: ser um lugar de produção
de bens culturais e de exposição do acervo, não ficando restrito a pesquisadores.
"Ele agora será um museu total, exibindo seu acervo com
um conceito e de forma interativa e atraente", diz a presidente da Fundação MIS, Rosa Maria Araujo.
Foi após visitar o Museu da
Língua Portuguesa e o Museu
do Futebol, em São Paulo, que o
governador do Rio, Sérgio Cabral, convidou a Fundação Roberto Marinho para fazer algo
semelhante com o MIS, dividido hoje entre dois prédios do
centro da cidade carentes de
reformas e poder de sedução.
Decidiu-se que ele seria o primeiro edifício público da orla
de Copacabana, substituindo a
boate Help, associada à prostituição e desapropriada por R$
18,3 milhões -toda a operação
do MIS está orçada em R$ 76,5
milhões, sendo R$ 20 milhões
de empresas privadas.
Abriu-se um concurso, e o escritório norte-americano Diller Scofidio + Renfro venceu
com um projeto que remete às
curvas do calçadão que margeia
a praia, criado por Burle Marx.
Onze conselheiros passaram
três meses destrinchando o
acervo para avaliar seu potencial e suas lacunas. Há um ano,
o jornalista Hugo Sukman, curador do projeto, vem concebendo as 11 salas -ou "experiências" ou níveis, já que a divisão não é convencional- com
Daniela Thomas e Felipe Tassara, responsáveis pela museografia do Museu do Futebol.
"É um museu do Rio de Janeiro, mas não é carioca no sentido bairrista", afirma Sukman,
que tem Ruy Castro, Hermínio
Bello de Carvalho e Sérgio Cabral, o pai, entre seus conselheiros. "O Rio é caracterizado
por sua produção artística, que
contribuiu para muito do que
chamamos de cultura brasileira, com samba, choro, bossa nova, chanchadas etc., e chegou a
outros países."
É o Rio como "capital da
identidade do Brasil" que sustenta o conceito do MIS. "Os
paparazzi do Leblon sabem do
que eu estou falando", brinca
Sukman, citando artistas que se
radicaram no Rio para explicar
melhor: "A música baiana não
me interessa, mas Dorival
Caymmi sim. O coco da Paraíba
não me interessa, mas Jackson
do Pandeiro sim".
Carmen Miranda
A principal personagem do
novo MIS é Carmen Miranda.
O acervo do já existente museu
dedicado a ela foi incorporado e
será ampliado. Carmen poderá
ser vista em três etapas: a importante cantora que surge no
Rio, sempre com imagens em
preto e branco; o tipo que nasce
no filme "Banana da Terra"
(1938), no qual veste sua primeira baiana estilizada, já em
cores; e a versão exacerbada
que faz sucesso em Hollywood.
O público poderá folhear digitalmente esse álbum de imagens, muitas delas em movimento. "Ele escolherá qual momento da vida dela quer ver",
diz Tassara, que criou com Daniela uma sobreposição dos figurinos de Carmen e das cenas
em que ela aparece com eles.
A tecnologia será marcante
em outras salas, como na do
choro e do samba. O primeiro
gênero, tido às vezes como chato e obsoleto, ganhará uma animação com imagens abstratas
que procurará encantar o visitante, um tanto à maneira do
clássico "Fantasia", da Disney.
A mesma sala se transformará
para a exibição de um filme sobre a história social do samba.
Já a história do Carnaval será
narrada em forma de enredo de
escola de samba. As imagens,
raras como as feitas aqui por
Orson Welles, serão projetadas
nas paredes em 360º.
Rosa Araújo ainda quer seguir um exemplo que viu em
Londres e permitir que o visitante leve para casa, num pen
drive, a parte da visita que não
fira direitos autorais, como algumas ações interativas.
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