São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2011

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Fotojornalista de guerra retrata os Beatles em livro

Don McCullin conheceu dois dos principais ícones do século passado em 1968: a banda e a Guerra do Vietnã

Infância de classe operária era elemento comum entre o quarteto e o fotógrafo do diário inglês "Sunday Times"

DIOGO ANTONIO RODRIGUEZ
DE SÃO PAULO

Em 1968, Paul McCartney e Don McCullin não eram sujeitos muito parecidos. O beatle já estava consagrado mundialmente como gênio e mentor de um dos discos mais famosos de todos os tempos, "Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band".
McCullin acabara de chegar do Vietnã, onde fotografara a guerra para o jornal "Sunday Times" e conseguira a consagração como fotógrafo de guerra.
Celebridades não eram seus objetos favoritos: "Sempre me senti mais feliz no mundo do fotojornalismo, trabalhando com pessoas que estavam sendo reprimidas, atacadas por guerras, fomes e revoluções", disse ele, detentor de um prêmio Cornell Capa e da ordem de cavalheiro britânico.
Os Beatles faziam música para as massas, enquanto McCullin se define "um homem de música clássica". Poderia ter sido um fracasso o dia que Don McCullin passou fotografando os Beatles e virou o livro "Um Dia na Vida dos Beatles". Mas não foi.
Um outro elemento os unia: a infância típica de classe operária. E foi com ela que McCullin se identificou: "Eu gostava deles porque tínhamos algo em comum. Eles tinham o mesmo "background" que eu".
Morador dos subúrbios, McCullin convivia com gangues e a perseguição da polícia. Foi preso quando adolescente por acharem que sua câmera fosse roubada.

LONDRES
Depois de uma sessão em estúdio, resolveram sair e registrar o passeio. "Me deram esse trabalho; era uma grande responsabilidade para mim tentar fazer algo diferente. É por isso que saímos por Londres de um jeito maluco", afirma ele.
Apesar de não ser "beatlemaníaco", ele nutre respeito pelo quarteto: "A música deles estava em sintonia com os anos 60 na Inglaterra, quase um período revolucionário, já que a música começou como uma liberação, especialmente para os proletários."

LENNON LÍDER
As poucas horas com a banda foram suficientes para o diagnóstico: "Lennon era uma pessoa forte. Basicamente, os outros o seguiam".
Nunca mais Don McCullin retratou músicos. "Não tenho o menor interesse neles", afirma. Um certo ressentimento vem à tona quando fala sobre seus outros trabalhos. "Publiquei quase 20 livros durante a vida, a maioria sobre guerras e as catástrofes que testemunhei".
"Mas eis que temos um livro sobre os Beatles sendo publicado em tantas línguas diferentes, somente porque são os Beatles...", diz.
Mas ele diz não estar incomodado com isso: "Estou muito velho para ficar chateado". "Lennon estava preocupado com o estado do mundo, então, eles eram bons, mesmo que eu não fosse um grande fã", encerra.

UM DIA NA VIDA DOS BEATLES

AUTOR Don McCullin
EDITORA Cosac Naify
TRADUÇÃO Cláudio Marcondes
QUANTO R$ 69 (44 págs.)


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