São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002 |
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Mesmo com país em crise, nasce nova geração de cineastas que investe em longas baratos e viscerais Entre a ruptura e a tradição
WALTER SALLES COLUNISTA DA FOLHA De dois anos para cá, jovens diretores argentinos começaram a despontar em festivais internacionais. O choque começou com "Mundo Grúa", primeiro longa de Pablo Trapero, aplaudido em Veneza e incensado pela imprensa européia. Depois surgiram "La Ciénaga", de Lucrecia Martel, consagrada a melhor primeira obra em Berlim, e "Bolivia", de Adrián Caetano, um dos acontecimentos de Cannes, em 2001. Filmes secos, viscerais, realizados com pouco dinheiro e de forma coletiva. Há uma rara coerência nesse movimento, que poderá ser conferido a partir de hoje, quando "El Bonaerense", novo longa de Pablo Trapero, estréia na seleção oficial de Cannes, na mostra "Um Certo Olhar". Depois será a vez de "Un Oso Rojo", novo de Adrián Caetano, selecionado pela Quinzena dos Realizadores. A Folha reuniu em Buenos Aires quatro jovens cineastas argentinos representativos dessa nova produção: Pablo Trapero, Daniel Burman, Lucrecia Martel e Pablo Reyero. A entrevista com Martel foi a única realizada por e-mail. A conversa com Trapero foi feita em sua casa, onde montava seu filme. O material do som estava dentro do carrinho de bebê que Trapero e sua mulher haviam acabado de ter. Para essa geração, o cinema é a extensão natural do dia-a-dia. Folha - Um crítico escreveu no jornal francês "Libération" que, depois do cinema asiático, uma nova
onda poderia surgir na Argentina.
Para vocês isso é artificial ou algo
com raízes na realidade? |
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