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"Eu posso dizer que perdi dinheiro", diz empresário
DA REPORTAGEM LOCAL
Manoel Pires da Costa disse
que nunca ganhou com os negócios que sua empresa e as de
seus familiares fizeram com a
fundação que ele preside.
"Nunca precisei da Bienal.
Tive que bancar muitas operações aqui. Posso até dizer que
perdi dinheiro", afirmou, em
sua sala na sede da Bienal, com
a presença de quatro assessores, do presidente do conselho,
o arquiteto Miguel Pereira, e de
um conselheiro, o editor Pedro
Paulo de Sena Madureira.
Os juros de 4,5% ao mês cobrados por sua empresa de
"factoring", segundo ele, seguem o padrão do mercado,
apesar de serem o dobro do cobrado pelos bancos. "Seria impossível encontrar outra empresa que faria esse tipo de operação com a Bienal. Ninguém
faria [com taxa de juros] abaixo
de 5%, 6%."
Em 2004, afirma, quando a
Bienal já estava saneada e tinha
acesso aos bancos, a sua empresa parou de fazer negócios com
a instituição.
O presidente disse que não se
arrepende de contrariar o artigo 6º do estatuto da Bienal, que
impede os conselheiros de "fornecer, sob remuneração direta
ou indireta, bens ou serviços de
qualquer espécie" à instituição.
"Se fosse para salvar a Bienal,
eu faria a mesma coisa."
A contratação da corretora
de seguros KEF, da qual seu
genro é sócio, foi decisão de Jacopo Crivelli, que respondia
pela montagem do evento no
ano passado.
Chamado à entrevista por Pires da Costa, Crivelli disse que
sabia que a empresa tinha como sócio o genro do presidente
da Bienal. Justificou a escolha
porque a corretora seria especializada em atuar em exposições de arte.
A contratação de sua mulher
para cuidar do paisagismo no
prédio da Bienal ocorreu, de
acordo com Pires da Costa, porque "ela já trabalhava para a
gestão anterior".
"Se alguém se propõe a trabalhar praticamente de graça, eu
não vou deixar de aceitar. Fez
tudo com carinho, foi um trabalho benemerente. Em média,
ela ganhou R$ 3.000 por evento, o que é muito pouco".
A mulher do presidente cuidou do paisagismo de 18 eventos desde 2003. Ganhou R$
3.185 por evento, em média.
O presidente da Bienal diz
que nunca interferiu para que a
mulher e o genro fizessem negócios com a fundação.
"Eu fiz o melhor que pude pelo menor preço. A Bienal nunca
teve uma conta desaprovada. É
transparência total", afirma.
Ele disse que é investigado pelo
conselho fiscal "porque foi eleito pela terceira vez".
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