São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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"Eu posso dizer que perdi dinheiro", diz empresário

DA REPORTAGEM LOCAL

Manoel Pires da Costa disse que nunca ganhou com os negócios que sua empresa e as de seus familiares fizeram com a fundação que ele preside.
"Nunca precisei da Bienal. Tive que bancar muitas operações aqui. Posso até dizer que perdi dinheiro", afirmou, em sua sala na sede da Bienal, com a presença de quatro assessores, do presidente do conselho, o arquiteto Miguel Pereira, e de um conselheiro, o editor Pedro Paulo de Sena Madureira.
Os juros de 4,5% ao mês cobrados por sua empresa de "factoring", segundo ele, seguem o padrão do mercado, apesar de serem o dobro do cobrado pelos bancos. "Seria impossível encontrar outra empresa que faria esse tipo de operação com a Bienal. Ninguém faria [com taxa de juros] abaixo de 5%, 6%."
Em 2004, afirma, quando a Bienal já estava saneada e tinha acesso aos bancos, a sua empresa parou de fazer negócios com a instituição.
O presidente disse que não se arrepende de contrariar o artigo 6º do estatuto da Bienal, que impede os conselheiros de "fornecer, sob remuneração direta ou indireta, bens ou serviços de qualquer espécie" à instituição. "Se fosse para salvar a Bienal, eu faria a mesma coisa."
A contratação da corretora de seguros KEF, da qual seu genro é sócio, foi decisão de Jacopo Crivelli, que respondia pela montagem do evento no ano passado.
Chamado à entrevista por Pires da Costa, Crivelli disse que sabia que a empresa tinha como sócio o genro do presidente da Bienal. Justificou a escolha porque a corretora seria especializada em atuar em exposições de arte.
A contratação de sua mulher para cuidar do paisagismo no prédio da Bienal ocorreu, de acordo com Pires da Costa, porque "ela já trabalhava para a gestão anterior".
"Se alguém se propõe a trabalhar praticamente de graça, eu não vou deixar de aceitar. Fez tudo com carinho, foi um trabalho benemerente. Em média, ela ganhou R$ 3.000 por evento, o que é muito pouco".
A mulher do presidente cuidou do paisagismo de 18 eventos desde 2003. Ganhou R$ 3.185 por evento, em média.
O presidente da Bienal diz que nunca interferiu para que a mulher e o genro fizessem negócios com a fundação.
"Eu fiz o melhor que pude pelo menor preço. A Bienal nunca teve uma conta desaprovada. É transparência total", afirma. Ele disse que é investigado pelo conselho fiscal "porque foi eleito pela terceira vez".


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