São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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Rodrigo Maranhão exibe seu "Bordado"

Autor de "Caminho das Águas", sucesso de Maria Rita, compositor lança 1º CD solo

Álbum tem samba, ciranda, xote e baião, além de canção poética e política inspirada no documentário "Tiros em Columbine"

Washington Possato/Divulgação
O compositor Rodrigo Maranhão, que começou a gravar em 1999 o CD que chega às lojas agora


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Em sintonia com sua idade, Rodrigo Maranhão, 36, já ouviu muito rock, compôs com Pedro Luís o sucesso "Rap do Real" e toca pop na banda Bangalafumenga. Mas, em seu primeiro disco solo, "Bordado", o que há é samba, ciranda, xote e baião. "É o que eu mais gosto de fazer e são as músicas que eu tenho mais vontade de que as pessoas ouçam. Adoro música brasileira, de Luiz Gonzaga a Chico Buarque", diz ele.
Maranhão é um exemplo talentoso do pedaço da sua geração que preferiu olhar para gêneros predominantemente brasileiros. Não por acaso, despertou a atenção de cantoras da mesma turma, como Roberta Sá, que gravou "Olho de Boi", e Maria Rita, intérprete de "Caminho das Águas" e "Recado".
As três canções estão em "Bordado" em registros bem simples, como é todo o CD -simples até na duração: menos de meia hora, mais por razões financeiras do que estéticas. O lamento sertanejo "Olho de Boi" vem só voz-e-violão; o samba "Recado" é cantado à capela; e a ciranda "Caminho das Águas" está rústica, com a zabumba citada na letra e sem o trio piano-baixo-bateria usado por Maria Rita.
"Quis ser bem direto no "Recado", como se fosse alguém falando para um amigo. E sempre encarei "Caminho das Águas" como um coco. Maria Rita mexeu um pouco na melodia, o que achei ótimo", conta.
A quem considerar postiço um carioca criar cocos e um xote tão marcadamente nordestino como "O Osso" -embora com letra citando Rio e Flamengo- Maranhão não argumenta com seu nome, mas com o fato de sua família ser do Rio Grande do Norte. "Sou carioca cabeçudo", brinca. Têm a mesma ascendência a faixa-título, "Interior" (a única feita com parceiro, Beto Valente) e "Todo Dia", um samba-de-roda acelerado e contagiante. Já "Baião Digital" mais brinca com o eletrônico do que o louva.
Sem ficar restrito ao Brasil, Maranhão se aproxima do tango em "Milonga" e dos sons de origem árabe em "Noites do Irã", canção de letra poética sobre fundo político feita após assistir a "Tiros em Columbine", de Michael Moore. "Fiz a letra em dez, 15 minutos. Às vezes acontece", diz.
Mas pressa não é uma marca sua. "Bordado" começou a ser gravado em 1999 e, por diversas razões, só concluído agora.
"Pra Tocar no Rádio", com jeitão de samba dos anos 40 e 50, é da primeira leva e imprime a marca mais carioca nesse disco de múltiplos faces. Todas estão unificadas numa cara brasileira e no estilo de compor de Maranhão, ainda em processo de amadurecimento, mas já com uma assinatura reconhecível e de qualidade.
O CD tem shows de lançamento nas duas próximas quartas-feiras, no Centro Cultural Carioca (rua do Teatro, 37, centro, 0/xx/21/2252-6468).

BORDADO
Gravadora:
MP,B/Universal
Quanto: R$ 28, em média
Avaliação: bom


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