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Jolie e Pitt apresentam drama sobre jornalista dos EUA morto no Paquistão
PEDRO BUTCHER
ENVIADO ESPECIAL A CANNES
Delicada reconstituição cinematográfica do drama do casal
de jornalistas Daniel e Mariane
Pearl, "A Mighty Heart" (um
coração poderoso) teve pré-estréia mundial ontem, no Festival de Cannes. Mariane Pearl
estava grávida de cinco meses
quando o marido foi seqüestrado e morto por terroristas no
Paquistão, em 2002.
A presença de Brad Pitt (produtor) e de sua mulher, Angelina Jolie, que interpreta Mariane, transformou "A Mighty
Heart" no filme-evento do dia.
Vítimas da avidez dos paparazzi e colunas de fofocas, o casal disse ter repensando seus
sentimentos face à imprensa
depois de fazer o filme. "Há
muitos jornalistas sérios como
Daniel e Mariane, que dedicam
suas vidas a buscar e revelar a
verdade", disse Jolie.
Presente na entrevista coletiva, Mariane Pearl disse ter hesitado em vender os direitos de
sua história para o cinema. A
base do roteiro é um livro de
memórias em que ela relata o
trágico episódio. "Não achei
que seria apropriado fazer um
filme, mas, por insistência do
meu agente, aceitei encontrar
alguns produtores de Hollywood. Não gostei dos primeiros
encontros, mas a conversa com
Pitt me convenceu de que tínhamos o mesmo objetivo. Decidi dizer sim para o filme pela
mesma razão por que escrevi o
livro e pela mesma razão pela
qual sou jornalista."
Mariane pediu pessoalmente
a Jolie que interpretasse seu
papel. "Minha confiança começou quando li uma entrevista
com Angelina em que ela se
mostrou uma pessoa absolutamente consciente do estado do
mundo e da necessidade de fazer algo para mudá-lo."
Juntos, Pitt e Pearl escolheram o diretor inglês Michael
Winterbottom, autor de "Nesse
Mundo" e "Caminho para
Guantánamo", docudramas
que refletem sobre o estado do
mundo pós-11/9. Winterbottom manteve seu estilo ao reconstituir os cinco dias entre o
seqüestro e a morte de Daniel
Pearl. "Michael é um cidadão
do mundo e que faz o tipo de filme que faz por interesse próprio", definiu Pitt.
"A Mighty Heart" é o primeiro trabalho do diretor para um
grande estúdio e, provavelmente, será uma das grandes apostas da Paramount para o próximo Oscar. Uma indicação para
Jolie parece, desde já, barbada.
Pearl já assistiu ao filme e
aprovou o resultado. "O que
sinto é muito complexo. Sinto
falta de meu marido, então minha reação só pode ser muito
emotiva." A jornalista elogiou a
atuação de Jolie na cena em
que recebe a notícia da morte
de Daniel. "Foi um momento
de dor, interpretado por alguém que me ama. Isso significa muito para mim."
Angelina Jolie definiu a trajetória de Mariane como "um
exemplo para todos". "Se há
uma pessoa nesta sala com todas as razões do mundo para
sentir ódio, ela é Mariane, e, no
entanto, ela não sente. Em uma
entrevista que ela deu pouco
depois da morte de Daniel, fez
questão de chamar atenção para o fato de que dez outras vítimas de terrorismo haviam
morrido no Paquistão naquele
período, e que todos os outros
eram paquistaneses."
Perto do fim da entrevista,
um repórter que é retratado no
filme de forma negativa levantou-se e pediu desculpas a Mariane. Na cena do filme, ele é
chamado de urubu por ter perguntado a Mariane ao vivo, na
TV, logo após a morte de Pearl,
se ela havia visto o que os terroristas tinham feito com o marido (ele foi decapitado, e seu
corpo, esquartejado). "Aceito
suas desculpas", ela disse.
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