DA ENVIADA A CANNES

O festival de Cannes aproxima-se do final, amanhã, sem que um grande favorito à Palma de Ouro tenha surgido.
Faltam, ainda, dois filme da competição: um do russo Nikita Mikhalkov, "Exodus" (êxodo), e outro do húngaro Kornél Mundruczós, "Szelíd Teremtés: A Frankenstein Terv" (um filho delicado: o projeto Frankenstein). Mas nenhum dos dois gera maiores expectativas.
No quadro de cotações da revista "Le Film Français", que traz a avaliação dos principais críticos franceses, o mais bem-avaliado, até ontem, continuava sendo "Another Year" (outro ano), o poderoso filme do inglês Mike Leigh.
Na sequência, aparecem "Biutiful" (belo), do mexicano Alejandro González Iñárritu -que tem detratores na na mesma medida que tem fãs- e "Des Hommes et des Dieux" (de homens e deuses), do francês Xavier Beauvois.
Este último, que se passa num monastério, na Argélia, foi pouco badalado pela imprensa, mas, é, de fato, um belo ensaio sobre o altruísmo da fé e as origens da violência.
A edição de ontem não incluía, porém, o original trabalho de Apichatpong Weerasethakul, "Lung Boonmee Raluek Chat" (tio Boonmee, que se lembra de vidas passadas).
Trata-se de um filme que tende a cair no gosto de poucos paladares, o que dificulta os prêmios numa discussão do júri -neste ano, presidido pelo cineasta Tim Burton.
Entre os piores, para a crítica, estavam "Fair Game" (jogo justo), do americano Doug Liman, o mais hollywoodiano dos selecionados para a marcadamente autoral competição.
Também foram listados "Outrage" (ultraje), de Takeshi Kitano -em que o japonês volta a abordar a máfia Yakuza-, e o quase sem diálogos "Schastye Moe" (minha alegria), do ucraniano Sergei Loznitsa.
"La Nostra Vita" (a nossa vida), de Daniele Luchetti, drama familiar que demonstra a dificuldade do cinema italiano atual de se livrar dos enquadramentos televisivos, é outro tido como com poucas chances.
Hoje à noite será anunciado o vencedor da mostra "Um Certo Olhar" e, amanhã, os grandes laureados da Croisette. (APS)


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