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Asiáticos contemplativos e autorais marcam mostras
DA ENVIADA A CANNES
No mercado de filmes, a Ásia
é vista em cenas de kung fu, lendas e batalhas históricas.
Já nas telas da sala Debussy e
do Grand Théâtre Lumiére o
que se vê é uma Ásia contemplativa, com um frescor narrativo que serve de contraponto
àquilo que Hollywood impôs
como padrão de imagens no
mundo ocidental.
As mostras competitiva e Um
Certo Olhar exibiram três filmes coreanos, dois japoneses,
um tailandês e dois chineses
-há outros tantos nas diversas
partes do festival.
Quase todos representam
uma escola cinematográfica
fortemente autoral e nada afeita às exigências que costuma
fazer o mercado.
Exemplar dessa opção é o coreano "Poetry" (poesia), um filme que tem a poesia como tema e matéria. Suas mais de
duas horas exigem do espectador um olhar paciente, um deixar-se envolver que, ao fim da
sessão, tinha dividido a sala.
Absolutamente radical é
"Lung Boonmee Raluek Chat"
(tio Boonmee, que se lembra de
vidas passadas), do elogiadíssimo diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul. Trata-se
de um filme tão difícil quanto
arrebatador.
Já entre os selecionados para
a mostra Um Certo Olhar, fora
de competição, o chinês Jia
Zhangke fez um passeio pela
história e cultura de seu país no
documentário "Hai Shang
Chuan Qi (queria saber).
De novo, os tempos longos e
as quase três horas de duração
impõem-se como desafio a
quem quer conhecer esse cinema tão cheio de estranhezas e,
ao mesmo tempo, tão bonito.
(ANA PAULA SOUSA)
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