São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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CDs

Latina
Marina de La Riva
MARINA DE LA RIVA
Gravadora:
Mousike; Quanto: R$ 30, em média;
Avaliação: bom
Filha de mineira com cubano nascida no norte fluminense, Marina de la Riva, pelo que se divulga, resolveu abraçar a profissão de cantora ao ver um show do pianista Bebo Valdés e se reconhecer na música de Cuba. Daí vir majoritariamente da ilha o repertório de seu primeiro CD, também gravado em parte lá -com ótimos músicos. Por melhores que sejam suas interpretações de canções de Lecuona, Ernesto Grenet ("Drume Negrita") e Silvio Rodríguez, os momentos mais originais são os cruzamentos sutis entre sons brasileiros e caribenhos, como nas ótimas versões de "Ta-hí (Pra Você Gostar de Mim)" e "Sonho Meu" e, ainda, no samba à cubana "Ojos Malignos", com participação de Chico Buarque. Pode ser esse um ótimo e peculiar caminho para Marina.
POR QUE OUVIR: ela é mais uma revelação, mas não mais uma "cantora eclética", já que sua opção é clara e corajosa. (LFV)

Rock
Teletransporte
AUTORAMAS
Gravadora:
Mondo 77; Quanto: R$ 16, em média
Avaliação: bom
Até este seu quarto disco, o Autoramas era uma banda na linha Ramones, daquelas que parecem sempre tocar a mesma música. Mas, agora, o grupo deixou entrar outras variações em seu rock alucinado de toques de surf music. Muito em parte pela produção de Kassin e Berna Ceppas, "Teletransporte" remete ao rock graciosamente desengonçado do Acabou la Tequila, ex-banda do primeiro.
POR QUE OUVIR: As faixas que são puro Autoramas (rocks acelerados embalados pelo bom vocal esganiçado e letras doutrinárias de Gabriel Thomaz) já fazem valer o disco. Mas são músicas como "Fazer Acontecer" (que injeta suingue inédito na banda), "Hotel Cervantes" (um encontro de Dick Dale com Ennio Morricone), "Identificação" (baladona), "Digoró" (surralismo pop de primeira) e as instrumentais "Panair do Brasil" (com Lafayette) e "Guitarrada" que dão novo brilho ao Autoramas. (BRUNO YUTAKA SAITO)

Folk/pop
Beauty & Crime
SUZANNE VEGA
Gravadora:
EMI; Quanto: R$ 32, em média
Avaliação: bom
A americana Suzanne Vega, 47, tem basicamente dois grandes momentos: a estréia, nos anos 80, ao surgir como promessa do folk pop, e na década seguinte, quando, ao absorver a eletrônica, quase foi adotada por pós-yuppies. Após seis anos, ela retorna com "Beauty & Crime", simpático álbum de uma cantora que é sempre simpática, mas que nunca ultrapassa muito esse patamar. Em 11 canções, Suzanne oscila entre esses dois extremos com habilidade.
POR QUE OUVIR: "Beauty & Crime" emana nostalgia e vem repleto de lembranças afetivas -é dedicado ao irmão da cantora, o artista plástico Tim Vega, morto em 2002. Com boas participações, entre eles o guitarrista Lee Ranaldo (Sonic Youth) e a novata KT Tunstall, o álbum tem faixas fofas (na linha de seu maior hit, "Luka") como "Zephyr & I", "Pornographer's Dream" e "Frank & Ava", que evidenciam o quanto, no caso de Suzanne, menos é mais. (BYS)

MPB
Lado Z
ZECA BALEIRO
Gravadora:
MZA; Quanto: R$ 30 em média; Avaliação: bom
Zeca Baleiro é um artista curioso. Irônico, cheio de referências, sem medo de ser infame ou sensível, revelou-se nos últimos anos um dos cantores brasileiros contemporâneos populares que mais encontraram personalidade própria, particular e interessante. Neste seu novo disco, compila sambas, baladas, forrós e breguices tiradas de discos de outros artistas do qual participou (Lobão, Forroçacana, Jards Macalé, Martinho da Vila) e covers (Odair José, João Bosco, Clara Nunes, Sérgio Sampaio, Rolando Boldrin, Waldick Soriano, Tom Zé), todas gravadas entre 1999 e 2005. Apesar da diversidade das canções e arranjos, o disco tem uma unidade improvável, muito por causa da aparente persona despretensiosa e bem-humorada de Baleiro.
POR QUE OUVIR: No mínimo, pela impressionante versão com cordas e metais de "Menina Jesus", de Tom Zé. (RONALDO EVANGELISTA)

Trilha sonora
Não por Acaso
ED CÔRTES
Gravadora:
Lua Music; Quanto: R$ 21,50, em média; Avaliação: regular
Há trilhas sonoras de filmes que valem por si só. Dos gringos, destacam-se as criadas para obras de Quentin Tarantino e Sofia Coppola, por exemplo. Aqui, recentemente houve uma leva de boas trilhas, como a de "Baixio das Bestas", feita por Pupilo, "O Céu de Suely", de Kassin e Berna Ceppas, ou "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", de Beto Villares. A de "Não por Acaso" é daquelas que só fazem sentido acompanhando as imagens ou como música para "relaxar".
POR QUE OUVIR: Há belas interpretações das cantoras Céu e Katia B e, definitivamente, Ed Côrtes é um produtor bastante talentoso. Mas falta vida própria às composições, que caem muito bem na telona, mas não inspiram nadinha despregadas das imagens. Assista ao filme. (ADRIANA FERREIRA SILVA)


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