São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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Televisão/Crítica

Grandeza orienta "Leopardo", de Visconti

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Há quem tenha talento para a grandeza, há quem não tenha. Os da primeira categoria sofrem quando confrontados a um pequeno tema. Exemplo: o Luchino Visconti de "Belíssima". Para que as coisas funcionem é preciso que a grandeza se imponha, mesmo que num drama familiar ("Rocco e Seus Irmãos", digamos), ainda que numa produção modesta ("A Terra Treme").
Mas, quando chegamos a "O Leopardo" (TC Cult, 22h; 12 anos) estamos no território próprio de Visconti: a grandeza, o painel histórico, os grandes personagens. É tão grande que não sei se foi feito para ver em TV. Quem sabe uma dessas neo-TVs finas, com imagem apurada possa dar conta.
Estamos em 1860, momento da unificação italiana. Momento em que a nobreza, essa do príncipe Salina, terá que se ajustar aos novos tempos, para que os ventos não mudem tanto quanto poderiam mudar.
Visconti tem o senso da beleza, que está não apenas no castelo magnífico, nos salões fantásticos, mas sobretudo nas pessoas, no príncipe (Burt Lancaster), em seu sobrinho (Alain Delon), na filha do prefeito (Claudia Cardinale).
É desse material que o italiano gostava: a beleza, a história, a transformação, a permanência. Seu tipo de comunismo nunca implicou transformar os nobres em carroceiros. Antes, preferia (e sabia) mostrar a nobreza de um carroceiro. É por aí que se mostra, em certa medida, a Itália de "O Leopardo".


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