São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2008

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Revelação do jazz dos EUA virá a SP e ao Rio

Contrabaixista e cantora Esperanza Spalding se apresenta no Tim Festival

Aos 23 anos, ela acumula elogios de publicações especializadas e é professora da conceituada Berklee College of Music


CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há tempos não se via uma artista revelada no cenário do jazz despertar tanto interesse.
A reação de David Letterman, o mais popular entrevistador da TV norte-americana, foi sintomática. "Você é absolutamente maravilhosa", derreteu-se ao ouvir a contrabaixista e cantora Esperanza Spalding, um mês atrás, em seu talk-show.
As publicações especializadas em jazz também não têm economizado elogios. A influente "Down Beat", por exemplo, acaba de elegê-la "melhor baixista acústica em ascensão". O alvoroço é compreensível, já que essa bela norte-americana de 23 anos traz um pacote completo: além de se destacar como instrumentista e cantora, ela também compõe e leciona na badalada Berklee College of Music, em Boston.
Platéias de São Paulo e Rio vão poder conferir os atributos da moça ao vivo, em outubro, no TIM Festival. Até lá já se pode apreciar seu talento instrumental e vocal, no saboroso álbum "Esperanza", que a gravadora Universal acaba de lançar no Brasil (leia crítica ao lado).
"Ouvi muita música pop, R&B e rap quando era mais jovem", disse a jazzista à Folha, citando entre seus favoritos de adolescência as bandas Cibo Matto, Counting Crows e A Tribe Called Quest, além do rapper LL Cool J e da cantora Tori Amos. "Escutei muito rock alternativo, mas muita música clássica também."
Logo na primeira faixa de seu álbum, uma versão bem pessoal de "Ponta de Areia" (Milton Nascimento e Fernando Brant), ela demonstra que seu gosto musical é mais amplo ainda, passando pela MPB.
"Eu me sinto muito ligada à música brasileira, particularmente à melodia e à harmonia, que contribuíram bastante para meu estilo de compor e tocar", afirma Esperanza. Não é à toa que, para criar os arrojados contrapontos de voz e baixo que exibe no CD, ela costuma se exercitar tocando e cantando algumas das intrincadas melodias de Hermeto Pascoal.
Com uma história de vida semelhante às de vários astros do jazz, Esperanza nasceu em Portland, no estado de Oregon, onde foi criada pela mãe. "Ela tocava um pouco de piano e cantou por algum tempo com uma banda local de jazz, mas nunca chegou a se tornar profissional", conta, creditando à mãe muito do estímulo que a levou a se decidir pela carreira musical.
Precoce, aos 20 anos Esperanza se tornou a mais jovem professora na história da Berklee College, com exceção do guitarrista-prodígio Pat Metheny. Mesmo assim, seu evidente talento não a livrou de enfrentar o machismo de alguns colegas, típico de um universo musical ainda dominado pelos homens.
"Para ser honesta, não quero participar desse jogo de provar que posso conviver com os machões. Eu trabalho duro para aprimorar minha habilidade técnica, porque quero ser capaz de me expressar e de interagir com todo tipo de música. Ver professores aconselhando alunas a se prepararem para uma carreira dominada pelos homens implica afirmar que as coisas são assim e que você deve se acostumar. Acho isso uma espécie de ofensa", rebate a baixista e cantora.


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