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Fundação Bienal se explica a promotores
Se Ministério Público não aprovar atas, posse de nova diretoria está ameaçada
"O MP está querendo procurar pelo em casca de ovo", diz o conselheiro Jorge Wilheim, que lançou candidatura de Heitor Martins à presidência
ANA PAULA SOUSA
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
A seis dias da tomada de posse da nova diretoria, presidida
por Heitor Martins, a Fundação Bienal de São Paulo está às
voltas com pedidos de explicação do Ministério Público.
Em ofício enviado à Bienal na
sexta, o MP questiona o contrato da mulher de Martins com a
fundação, o aumento no número de conselheiros, sua isenção
em relação à diretoria e o número de diretores estatutários.
A mulher de Martins, Fernanda Feitosa, aluga o pavilhão
para realizar a feira SP Arte. Pelo estatuto recém-aprovado pela Fundação Bienal, deveria
cair o número de conselheiros
de 50 para 40. Martins, no entanto, indicou seis novos nomes para integrar o grupo.
Após receber as respostas da
Bienal, o MP decidirá se aprova
ou rejeita as atas da reunião
que elegeu a nova diretoria em
28 de maio. Se rejeitadas, a posse, prevista para a próxima segunda, seria suspensa. "A data
de posse está mantida. Só por
ordem do MP haveria um adiamento", diz Miguel Pereira,
presidente do conselho.
Ele enviou ontem ao MP uma
carta de sete páginas em que
procura responder às perguntas da promotora Ana Maria de
Castro Garms e traça um histórico da Bienal, enredada em
problemas administrativos e
denúncias de irregularidades.
"O contrato [de Fernanda
Feitosa] foi renovado ainda na
gestão comandada pelo Manoel
Francisco Pires da Costa e se
estende até o ano de 2015", afirma Pereira. "Nenhuma ingerência teve Heitor Martins na
discussão das cláusulas."
Ao citar Martins, o presidente do conselho diz que o empresário foi o único a aceitar o posto, lembrando que, antes dele,
todos os postulantes "acabavam por desistir". A única exigência de Martins foi autonomia para "formar uma sólida
corrente de apoio". "Tal equipe
não se cingia a quatro ou cinco
pessoas, mas abrangia um número maior", afirma Pereira.
Outros conselheiros e pessoas ligadas à Fundação Bienal
dizem que houve, no entanto,
um atraso no registro do novo
estatuto e os conselheiros indicados por Martins puderam entrar para o grupo ainda sob o
estatuto antigo, que previa sete
lugares vagos.
"O conselho não foi incongruente quando antes tinha dito que não iria preencher as vagas e depois resolveu preenchê-las", diz um conselheiro ouvido
pela Folha.
"Nos dois momentos, ele agiu pensando no bem
da fundação, na necessidade de
aportes financeiros."
Um dos conselheiros indicados por Martins, Tito Enrique
da Silva Neto, do banco ABC
Brasil, já doou, via Lei Rouanet,
R$ 300 mil para ajudar a sanar
as dívidas da Bienal.
Pelo em ovo
Segundo apurou a Folha, alguns conselheiros veem no
questionamento do MP uma
manobra da atual gestão para
adiar a posse de Martins. "Alguém está interessado em dificultar as coisas para a diretoria", diz um conselheiro que
não quis ser identificado.
Em resposta, o atual presidente Manoel Francisco Pires
da Costa afirma que está "trabalhando sem parar desde
quando essa diretoria foi eleita". "Eu fiz tudo para que realmente acontecesse uma transferência de cargo", afirma.
Para o conselheiro Jorge Wilheim, que lançou a candidatura de Martins à presidência, o
MP está "querendo procurar
pelo em casca de ovo". "As perguntas feitas têm resposta; é
uma coisa corriqueira", afirma.
"Não estou vendo como fazer
grande drama em torno disso."
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