São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GASTRONOMIA

Rhône, a indiscutível terra de tintos

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Algumas semanas atrás, mais precisamente de 2 a 4 de agosto, o Estado do Espírito Santo foi berço, mais uma vez, de um dos maiores acontecimentos para enófilos do país: o Encontro Internacional do Vinho.
A quinta edição do evento, organizado pela Sociedade de Amigos do Vinho do Espírito Santo, teve lugar (como de costume) a aproximadamente 100 km de Vitória, na região de Pedra Azul, sede de um lindo e imponente rochedo (na realidade cinza, mas igualmente belo) que dá nome ao lugar. Um hotel localizado ao seu pé abrigou seus cerca de 170 participantes.
O encontro, um conjunto de palestras seguidas de degustações, teve a virtude de colocar a platéia frente a frente tanto com os aspectos básicos da bebida (durante os três dias, as atividades foram abertas com capítulos de um curso básico de vinhos) como com os grandes vinhos do planeta.
Uma das palestras deixou em evidência os vinhos da África do Sul, sem dúvida um país vinícola em ascensão. Desfilaram no painel bons goles do continente africano, com destaque para um denso tinto, o Spice Route Syrah Flagship 99, e um vinho doce de sobremesa, o De Wetshof Edeloes Riesling Noble Late Harvest 98, rico e equilibrado.
Outra mostrou que os vinhos de uva Barbera são talvez um dos maiores tesouros do Piemonte, província vinícola do norte da Itália. A prova colocou lado a lado grandes produtores de vinhos dessa uva, capaz de fazer sombra com seus goles a Barolos e Barbarescos, tintos de uva nebbiolo e grandes nomes da região. Brilhou aqui o Coppo Pomorosso 98, um vinho complexo, redondo, marcado por fruta e madeira.
Os vinhos do Alentejo ocuparam o palco numa apresentação de renomados goles rubros dessa região do sul de Portugal, como Pêra Manca e Mouchão, com menção especial para a nova versão, safra 97, do Tapada do Chaves Reserva Especial, um vinho de aroma intenso e paladar redondo e persistente.
Mas o maior espaço do evento foi ocupado pelos vinhos da França. Os goles gauleses marcaram presença numa prova de brancos da Alsácia (um painel muito bom, integrado por gewürztraminers, rieslings e pinot gris de produtores de ponta), numa vertical (prova de diferentes safras do mesmo vinho) de nada mais e nada menos que Château Mouton Rotschild, um ícone da viticultura francesa, com garrafas de vindimas entre 90 e 99.
Numa terceira, os vinhos brancos da região do Rhône não tiveram a performance dos anteriores. Fora um vinho doce (o Hermitage Vin de Paille 95 de Chapoutier, caríssimo, US$ 156 a garrafa de 500 ml) que encerrou o painel, o resto dos vinhos (de bons produtores) foi, para dizer muito, razoável. A degustação, porém, foi reveladora para os participantes, já que o Rhône, como ficou mais uma vez demonstrado, é mesmo terra de tintos.



Texto Anterior: Celebridade: De Niro processa fotógrafa brasileira
Próximo Texto: Short Drinks - Blue Chips 1: Degustação reúne num painel seis italianos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.