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GASTRONOMIA
Rhône, a indiscutível terra de tintos
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Algumas semanas atrás,
mais precisamente de 2 a 4
de agosto, o Estado do Espírito
Santo foi berço, mais uma vez, de
um dos maiores acontecimentos
para enófilos do país: o Encontro
Internacional do Vinho.
A quinta edição do evento, organizado pela Sociedade de Amigos do Vinho do Espírito Santo,
teve lugar (como de costume) a
aproximadamente 100 km de Vitória, na região de Pedra Azul, sede de um lindo e imponente rochedo (na realidade cinza, mas
igualmente belo) que dá nome ao
lugar. Um hotel localizado ao seu
pé abrigou seus cerca de 170 participantes.
O encontro, um conjunto de palestras seguidas de degustações,
teve a virtude de colocar a platéia
frente a frente tanto com os aspectos básicos da bebida (durante os
três dias, as atividades foram
abertas com capítulos de um curso básico de vinhos) como com os
grandes vinhos do planeta.
Uma das palestras deixou em
evidência os vinhos da África do
Sul, sem dúvida um país vinícola
em ascensão. Desfilaram no painel bons goles do continente africano, com destaque para um denso tinto, o Spice Route Syrah
Flagship 99, e um vinho doce de
sobremesa, o De Wetshof Edeloes
Riesling Noble Late Harvest 98, rico e equilibrado.
Outra mostrou que os vinhos de
uva Barbera são talvez um dos
maiores tesouros do Piemonte,
província vinícola do norte da Itália. A prova colocou lado a lado
grandes produtores de vinhos
dessa uva, capaz de fazer sombra
com seus goles a Barolos e Barbarescos, tintos de uva nebbiolo e
grandes nomes da região. Brilhou
aqui o Coppo Pomorosso 98, um
vinho complexo, redondo, marcado por fruta e madeira.
Os vinhos do Alentejo ocuparam o palco numa apresentação
de renomados goles rubros dessa
região do sul de Portugal, como
Pêra Manca e Mouchão, com
menção especial para a nova versão, safra 97, do Tapada do Chaves Reserva Especial, um vinho de
aroma intenso e paladar redondo
e persistente.
Mas o maior espaço do evento
foi ocupado pelos vinhos da França. Os goles gauleses marcaram
presença numa prova de brancos
da Alsácia (um painel muito bom,
integrado por gewürztraminers,
rieslings e pinot gris de produtores de ponta), numa vertical (prova de diferentes safras do mesmo
vinho) de nada mais e nada menos que Château Mouton Rotschild, um ícone da viticultura
francesa, com garrafas de vindimas entre 90 e 99.
Numa terceira, os vinhos brancos da região do Rhône não tiveram a performance dos anteriores. Fora um vinho doce (o Hermitage Vin de Paille 95 de Chapoutier, caríssimo, US$ 156 a garrafa de 500 ml) que encerrou o
painel, o resto dos vinhos (de
bons produtores) foi, para dizer
muito, razoável. A degustação,
porém, foi reveladora para os participantes, já que o Rhône, como
ficou mais uma vez demonstrado,
é mesmo terra de tintos.
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