São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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FILMES

TV ABERTA

"Goldfinger" encontra o melhor James Bond

007 contra Goldfinger
SBT, 12h30.
   
(Goldfinger). Inglaterra, 1964. Direção: Guy Hamilton. Com Sean Connery, Honor Blackman. Goldfinger não quer pouco: invadir Fort Knox e roubar todas as barras de ouro das reservas dos EUA. Connery, o melhor Bond, lutará contra as infinitas infâmias do vilão.

Minervina Vem Aí
Cultura, 16h30.
  
Brasil, 1959, 87 min. Direção: Eurides Ramos. Com Dercy Gonçalves, Magalhães Graça. Milionário despreza garotas "de bem" por se apaixonar por uma doméstica. Chanchada de segunda, dominada pelo carisma de Dercy. P&B.

Formigas Assassinas
Record, 20h30.
 
(Marabunta). EUA, 1998. Direção: Jim Charleston e George Manasse. Com Eric Lutes, Julia Campbell. Por conta de aquecimento subterrâneo, vulcão no Alasca entra em erupção e desperta formigas assassinas sul-americanas.

A Chave de Orion
Bandeirantes, 20h30.
 
(Shadowchaser 4). EUA, 1996, 99 min. Direção: Mark Roper. Com Frank Zagarino, Jennifer MacDonald. Na África, arqueólogos descobrem o que sempre descobrem arqueólogos de cinema: vestígios de aliens. Seguem-se disputas e perigos de vida habituais.

O Especialista
SBT, 22h35.
 
(The Specialist). EUA, 1994. Direção: Luis Llosa. Com Sylvester Stallone, Sharon Stone. Bela mulher contrata especialista em explosivos para fins de vingança. Falta ao filme mais calor sexual entre o casal protagonista, o que é desastroso quando a atriz em questão é Sharon Stone e o roteiro beira a cafonice.

O Sentido do Medo
Globo, 0h35.
  
(Absence of the Good). EUA, 1999, 105 min. Direção: John Flynn. Com Stephen Baldwin, Tyne Daly. O policial Baldwin tenta esquecer a morte do filho empreendendo caçada infatigável a um perigoso assassino. Flynn é um realizador talentoso, mas novamente às voltas com um ponto de partida muito batido. Feito para TV. Inédito.

Olimpíadas: Um Sonho Olímpico  
SBT, 1h35.

(American Anthem). EUA, 1986. Direção: Albert Magnoli. Com Mitchel Gaylord. Rapaz desiste da vida de ginasta para trabalhar em uma fábrica de bicicletas. Quando ele se apaixona por uma ginasta, decide retomar seus sonhos. (IA)

TV PAGA

Em "La Luna", Bertolucci "desexplica" o mundo

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Desde a primeira cena, "La Luna" tenta o espectador com uma explicação fácil. Lá está a mãe que leva o filho sorridente numa bicicleta, sob a luz da lua.
Não será essa a relação perfeita, que inspirou a Freud o complexo de Édipo? Não será também o momento insubstituível, em torno do qual todos os outros se ordenam? E que dizer da crise de adolescência de Joe, o filho? Ou da crise de maturidade da mãe? Ou das cenas de incesto, ponto extremo da dedicação da mãe por seu filho? Ou, ainda, da providencial morte do pai, no início?
Assim como flerta ostensivamente com o clichê, Bernardo Bertolucci não permite que ele se arvore em explicação de nada. Nada, na verdade, tem explicação -clichê ou não. Porque a empreitada de Bertolucci, mais bem-sucedida aqui do que em seus outros filmes, consiste em construir uma rede de explicações razoáveis -e de modo nenhum opacas- para o comportamento de seus personagens.
No entanto, essas explicações não explicam. Elas rodam, como que por hábito: mãe + filho = Édipo. Etc. Mas não esclarecem, a rigor, nada do que está acontecendo. Temos, então, explicações claras para acontecimentos que, quanto mais passa o tempo, mais opacos se tornam.
Talvez seja essa, precisamente, a arte de Bertolucci: a de "desexplicação" do mundo. De um mundo saturado por explicações freudianas, marxistas, pedagógicas, econômicas. É como se tudo em "La Luna" quisesse trazer as coisas de volta à superfície, em sua inteireza e mistério. É como se tudo desse tão certo nesta inegável obra-prima que, ao final, nos resta pensar, diante de um rosto cheio de tristeza, por exemplo, que afinal a vida não se explica. Apenas consente em entregar-se, fugazmente, transfigurada na beleza de uma música ou no esplendor de uma imagem. Que, de todo modo, não a explicam, apenas a prolongam ou duplicam.


LA LUNA. Quando: hoje, às 18h30, no Telecine Emotion.


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