São Paulo, sábado, 22 de agosto de 2009

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LIVROS

Cony lança crônicas que "não formam opinião"

Compilação mira adolescentes e traz 49 textos do cronista pulicados na Folha

Seleção foi feita por Marisa Lajolo; para o escritor, "mercado editorial está pedindo crônicas, que são mais digeríveis"

MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL

"Não gosto da palavra colunista. Sou cronista mesmo", diz Carlos Heitor Cony. Quarenta e nove textos desse gênero literário que ganhou cores próprias no Brasil e o escritor exercita na Folha desde 1993 são reunidos agora em "Crônicas para Ler na Escola" (Objetiva).
A seleção dos textos publicados na Ilustrada e na página 2 da Folha foi feita pela professora Marisa Lajolo, mestre e doutora pela USP e autora de "A Formação da Leitura no Brasil". Como ela afirma na apresentação, "o tempo, a memória, a efemeridade da vida são temas constantes na escrita deste carioca morador da Lagoa e que chega a nossa casa pelos jornais".
Cony já praticou a crônica em vários veículos, como na extinta revista "Manchete". Na Folha, onde colabora regularmente nos últimos 16 anos, também já havia revezado uma coluna na década de 60 com a poeta Cecília Meireles.
Mesmo veterano no gênero, procura minimizar a sua importância. "Atualmente há uma supervalorização da crônica. O cronista está sendo considerado formador de opinião. Mas ele não forma opinião, ele escreve sobre as coisas do cotidiano. Basta fazer uma divagação."
Cony já teve suas crônicas reunidas em outras edições, como "O Presidente que Sabia Javanês" (Boitempo), que reuniu crônicas publicadas na Folha entre 1994 e 2000, e "O Tudo e o Nada" (Publifolha), que reuniu 101 artigos que saíram entre 1999 e 2004 na Ilustrada.
Além dos 17 romances que compõem sua bibliografia (atualmente sendo relançados pela Alfaguara), também já adaptou cerca de 50 clássicos.
Para Cony, "o mercado está pedindo crônicas" e esse fenômeno está ligado ao crescimento no setor infantil e juvenil, este último visado por esta nova edição. "É mais fácil dar a crônica para os alunos do que romances de Guimarães Rosa e Machado de Assis. A crônica é mais digerível. É uma porta de entrada para o jornal." Um dos maiores best-sellers do escritor está justamente nesse segmento. O romance infanto-juvenil "Uma História de Amor" (Ediouro) já está na 42ª edição.
Cony disse que não interferiu na seleção dos textos editados por Marisa Lajolo. "Não saberia escolher, não sei o que pode interessar. Escrevo basicamente para mim. Não penso muito no leitor. Não tenho intenção de interagir, prefiro errar sozinho."
Como Otto Lara Resende, outro escritor que ocupou a coluna na página 2 do jornal, Cony é rápido no gatilho.
"Quando tenho assunto", diz, "a coluna é redigida entre oito e dez minutos. Nunca passo de 15. Alguns têm a perfeição da forma, eu não sou assim".
No livro, o leitor vai poder acompanhar textos como "O Fogão e a Chuva", em que Cony descreve um menino que "até os cinco anos fora mudo, olhava o mundo, olhava as coisas e não dizia nada. (...) O defeito da fala foi parcialmente corrigido, o menino cresceu e se transformou naquilo que sou eu."


CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA

Autor: Carlos Heitor Cony
Editora: Objetiva
Quanto: R$ 34,90 (160 págs.)




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