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LIVROS
Cony lança crônicas que "não formam opinião"
Compilação mira adolescentes e traz 49 textos do cronista pulicados na Folha
Seleção foi feita por Marisa Lajolo; para o escritor, "mercado editorial está pedindo crônicas, que são mais digeríveis"
MARCOS STRECKER
DA REPORTAGEM LOCAL
"Não gosto da palavra colunista. Sou cronista mesmo", diz
Carlos Heitor Cony. Quarenta e
nove textos desse gênero literário que ganhou cores próprias
no Brasil e o escritor exercita
na Folha desde 1993 são reunidos agora em "Crônicas para
Ler na Escola" (Objetiva).
A seleção dos textos publicados na Ilustrada e na página 2
da Folha foi feita pela professora Marisa Lajolo, mestre e
doutora pela USP e autora de
"A Formação da Leitura no
Brasil". Como ela afirma na
apresentação, "o tempo, a memória, a efemeridade da vida
são temas constantes na escrita
deste carioca morador da Lagoa e que chega a nossa casa
pelos jornais".
Cony já praticou a crônica
em vários veículos, como na extinta revista "Manchete". Na
Folha, onde colabora regularmente nos últimos 16 anos,
também já havia revezado uma
coluna na década de 60 com a
poeta Cecília Meireles.
Mesmo veterano no gênero,
procura minimizar a sua importância. "Atualmente há uma
supervalorização da crônica. O
cronista está sendo considerado formador de opinião. Mas
ele não forma opinião, ele escreve sobre as coisas do cotidiano. Basta fazer uma divagação."
Cony já teve suas crônicas
reunidas em outras edições, como "O Presidente que Sabia Javanês" (Boitempo), que reuniu
crônicas publicadas na Folha
entre 1994 e 2000, e "O Tudo e
o Nada" (Publifolha), que reuniu 101 artigos que saíram entre 1999 e 2004 na Ilustrada.
Além dos 17 romances que
compõem sua bibliografia
(atualmente sendo relançados
pela Alfaguara), também já
adaptou cerca de 50 clássicos.
Para Cony, "o mercado está
pedindo crônicas" e esse fenômeno está ligado ao crescimento no setor infantil e juvenil, este último visado por esta nova
edição. "É mais fácil dar a crônica para os alunos do que romances de Guimarães Rosa e
Machado de Assis. A crônica é
mais digerível. É uma porta de
entrada para o jornal." Um dos
maiores best-sellers do escritor está justamente nesse segmento. O romance infanto-juvenil "Uma História de Amor"
(Ediouro) já está na 42ª edição.
Cony disse que não interferiu na seleção dos textos editados por Marisa Lajolo. "Não saberia escolher, não sei o que
pode interessar. Escrevo basicamente para mim. Não penso
muito no leitor. Não tenho intenção de interagir, prefiro errar sozinho."
Como Otto Lara Resende,
outro escritor que ocupou a coluna na página 2 do jornal,
Cony é rápido no gatilho.
"Quando tenho assunto", diz,
"a coluna é redigida entre oito e
dez minutos. Nunca passo de
15. Alguns têm a perfeição da
forma, eu não sou assim".
No livro, o leitor vai poder
acompanhar textos como "O
Fogão e a Chuva", em que Cony
descreve um menino que "até
os cinco anos fora mudo, olhava o mundo, olhava as coisas e
não dizia nada. (...) O defeito da
fala foi parcialmente corrigido,
o menino cresceu e se transformou naquilo que sou eu."
CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA
Autor: Carlos Heitor Cony
Editora: Objetiva
Quanto: R$ 34,90 (160 págs.)
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