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Acusados de balear ator mudam versão
RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local
Os três acusados de participar do
assalto ao ator Gerson Brenner, na
madrugada de segunda-feira, mudaram o teor do depoimento sobre o crime duas vezes ontem.
Por volta das 16h, Vítor Tancredo, 19, Luzimar Sabino de Jesus,
19, e Dimas Baptista, 24, que estão
presos na Cadeia Pública de Mogi
das Cruzes, negaram ter participado do assalto.
Tancredo, que havia confessado
ter atirado no ator, disse "jamais
ter atirado em alguém". Ele afirmou ter assumido a autoria do crime na noite anterior para aparecer
na televisão e por ter "problemas
na cabeça".
"Tem horas que não sei o que
digo. Me dá um branco de vez em
quando", afirmou. Tancredo alegou estar na casa de um amigo no
momento do assalto.
Ao ser questionado pela reportagem por que havia confessado o
crime, ele respondeu: "Confessei
porque sou um burro, um idiota.
Falei, mas não fiz isso. Agora vou
ter de arrumar uma testemunha
para me livrar."
Ele disse, inclusive, ter revelado
à polícia o nome do amigo em cuja
casa ele teria dormido.
Baptista disse que, na madrugada do crime, estava em companhia
de sua mãe e de sua avó. Jesus afirmou estar em sua casa, na Chácara
Guanabara, em Guararema, dormindo com sua mulher e suas
duas filhas.
Baptista e Jesus negaram ter sido
torturados para confessar. Vitor
recusou-se à comentar o assunto.
Duas horas depois, os três acusados voltaram a mudar o depoimento e disseram ter participado
do assalto.
Baptista e Jesus voltaram a afirmar que Tancredo seria o autor do
disparo. Tancredo afirmou que o
autor do disparo foi Baptista e que
havia confessado por ter sido
ameaçado pelos outros dois acusados.
"Eles disseram que algo ia acontecer comigo lá dentro (na cadeia)", afirmou Tancredo.
Em depoimentos prestados informalmente, os acusados disseram ter sido orientados pelo advogado Aparecido Hernani Ferreira
a negar a participação no crime.
O advogado disse que os acusados haviam confessado sob tortura. Segundo Ferreira, eles teriam
apanhado, tomado choques e sofrido tortura psicológica. O advogado disse que a ausência de marcas nos corpos deve-se ao fato de a
"polícia saber bater".
O delegado Francisco Del Poente, da divisão de homicídios de
Mogi das Cruzes, negou a tortura.
"O interrogatório foi assistido
por advogados e os acusados passaram por exame de corpo de delito antes e depois do depoimento", afirmou.
A polícia continua investigando
a possibilidade da participação de
duas outras pessoas no crime.
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