São Paulo, Quarta-feira, 22 de Setembro de 1999
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MEU IAIÁ, MEU IOIÔ

Pacote tem, entre outros, graxa para simular carro enguiçado

Wando lança CD com kit de primeiros socorros pornô


LUÍS PEREZ
da Reportagem Local

Um "kit de primeiros socorros que vai dar certo". Esse é o clima do novo CD de Wando, "S.O.S. de Amor", que une a fórmula que revigorou os Titãs -o ao vivo, o acústico- à regravação de sucessos do pagode -como "Essa Tal Liberdade" (Só Pra Contrariar) e "Toda Mulher" (Karametade).
Tudo isso aliado a uma história de 25 anos e, como ele mesmo contabiliza, pelo menos 35 sucessos desde o estrondoso "Moça", de 1974, que atingiu a marca do 1,2 milhão de discos vendidos.
O mineiro de Cajuri, que mora na Barra da Tijuca, no Rio, revela que muito de sua obra foi realizada em São Paulo -tempos em que morou na Consolação e em um monte de outros lugares.
O CD ao vivo inaugura nova fase, na Indie Records, menos de um ano após lançar "Palavras Inocentes", disco que trouxe uma certa confusão. "Acharam que eu tinha virado evangélico. Nada contra, mas não foi isso." Motivo: a gravadora era a Universal e a música de trabalho se chamava "Minha Religião".
Desfeito o mal-entendido, vem a constatação: de tanto ser considerado brega, ele virou cult -e é dos primeiros a brincar com isso, a começar pelo kit, que planeja vender nos shows.
Desse kit constam calcinha, batom, camisinha, uma lata de catuaba selvagem (que, dizem, é estimulante sexual), além de um frasco com um misterioso líquido preto, com um rótulo que diz: "Mô, o carro quebrou..."
"As mulheres são as que mais demoram para sacar o que, no fundo, é uma grande gozação." Dentro do frasco, óleo queimado, desculpa para maridos que chegam mais tarde à casa.
Politicamente incorreto, Wando não está nem aí com a pecha de obsceno. "Não existe artista sem rótulo." Nas rádios, a inédita "A Próxima Vítima" é mais balada romântica do que outra coisa.
Na prática ele fez, oficialmente, o que poderia entrar em um CD do tipo "o melhor de Wando" -com "Obsceno", "Acho Que Eu Estou Perdendo Você", "O Que Eu Vou Dizer para o Meu Corpo" e "Fogo e Paixão".
Depois de ter enfrentado problemas com a censura -que o chamou para explicar o que queria dizer "meu iaiá, meu ioiô" de "Fogo e Paixão"-, Wando diz que não há como se desprender do estilo. "Músicas muito boas nunca chegaram ao público."
Algumas, segundo ele, tratavam de temas sociais. Parece piada? Não, é o mesmo Wando que leva a platéia à repetição aparentemente ingênua do refrão: "Aquele amor que faz gostoso me deixou".

Disco: S.O.S. de Amor
Artista: Wando
Lançamento: Indie Records
Quanto: R$ 20 (em média)


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