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Protestos e o uso da cor vermelha são marcas do artista
DA SUCURSAL DO RIO
Um trabalho bastante significativo da carreira -e do pensamento- de Antonio Dias abrirá
a mostra no MAM de Salvador. É
"Faça Você Mesmo: Território Liberdade", instalação criada em
1968 em protesto contra uma galeria, a qual o artista estava ligado,
que não quis emprestar um trabalho para uma exposição.
Com fitas adesivas colocadas no
chão, criando uma espécie de labirinto, Dias registrou seu protesto contra a força que a galeria
exercia sobre seu trabalho.
O protesto também é a marca de
"KasaKosovoKasa", instalação de
1996 feita a partir de colunas de
PVC penduradas no teto, cobertas de fotos de fios de cabelo e pele
humana, numa referência às vítimas da guerra do Kosovo.
A exposição mostra ainda trabalhos feitos a partir do final dos
anos 70 sobre papel artesanal nepalês. Em 1977, o artista viajou à
Índia e ao Nepal, onde aprendeu
as técnicas de feitura de papel artesanal e as de coloração vegetal.
A partir da aprendizagem, Antonio Dias criou trabalhos como
"Corpo & Anima" (1977), onde
utiliza papel nepalês tingido com
folhas de chá, e "O Lugar e a Coisa" (1977), da série "A Ilustração
da Arte", feito com a aplicação de
óxido de ferro sobre o papel.
Nos anos 80, surge o cinza profundo nas obras do artista, associado ao papel nepalês. Dessa fase
estão trabalhos como "A Casa da
Morte". Nele, a partir da utilização do cinza-grafite e do óxido de
ferro, Dias cria formas geométricas que vão do cinza ao vermelho
profundo -outra característica
da obra do artista.
Da fase mais recente estão trabalhos como "Chico Mendes"
(1995). A partir da estrutura básica do quadrado, oxidantes metálicos e pigmentos minerais são utilizados juntamente com tinta
acrílica para criar colorações em
constante transformação.
A oxidação do trabalho modifica sua tonalidade com o tempo,
assim como, dependendo do
ponto a partir do qual se olha a
obra, também há uma mudança
nas cores por conta da incidência
da luz -uma espécie de "efeito
asa de borboleta".
Nessa fase, Dias utiliza também
outros tons, mais fortes, como o
verde e o violeta. "Mas sem abandonar o vermelho, de forma nenhuma", explica o artista.
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