São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 2000

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Protestos e o uso da cor vermelha são marcas do artista

DA SUCURSAL DO RIO

Um trabalho bastante significativo da carreira -e do pensamento- de Antonio Dias abrirá a mostra no MAM de Salvador. É "Faça Você Mesmo: Território Liberdade", instalação criada em 1968 em protesto contra uma galeria, a qual o artista estava ligado, que não quis emprestar um trabalho para uma exposição.
Com fitas adesivas colocadas no chão, criando uma espécie de labirinto, Dias registrou seu protesto contra a força que a galeria exercia sobre seu trabalho.
O protesto também é a marca de "KasaKosovoKasa", instalação de 1996 feita a partir de colunas de PVC penduradas no teto, cobertas de fotos de fios de cabelo e pele humana, numa referência às vítimas da guerra do Kosovo.
A exposição mostra ainda trabalhos feitos a partir do final dos anos 70 sobre papel artesanal nepalês. Em 1977, o artista viajou à Índia e ao Nepal, onde aprendeu as técnicas de feitura de papel artesanal e as de coloração vegetal.
A partir da aprendizagem, Antonio Dias criou trabalhos como "Corpo & Anima" (1977), onde utiliza papel nepalês tingido com folhas de chá, e "O Lugar e a Coisa" (1977), da série "A Ilustração da Arte", feito com a aplicação de óxido de ferro sobre o papel.
Nos anos 80, surge o cinza profundo nas obras do artista, associado ao papel nepalês. Dessa fase estão trabalhos como "A Casa da Morte". Nele, a partir da utilização do cinza-grafite e do óxido de ferro, Dias cria formas geométricas que vão do cinza ao vermelho profundo -outra característica da obra do artista.
Da fase mais recente estão trabalhos como "Chico Mendes" (1995). A partir da estrutura básica do quadrado, oxidantes metálicos e pigmentos minerais são utilizados juntamente com tinta acrílica para criar colorações em constante transformação.
A oxidação do trabalho modifica sua tonalidade com o tempo, assim como, dependendo do ponto a partir do qual se olha a obra, também há uma mudança nas cores por conta da incidência da luz -uma espécie de "efeito asa de borboleta".
Nessa fase, Dias utiliza também outros tons, mais fortes, como o verde e o violeta. "Mas sem abandonar o vermelho, de forma nenhuma", explica o artista.


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